Manuel Gimo, sócio-gerente da Quinta Maquela, explicou que com a sua iniciativa espera obter rendimentos de cerca de cinco toneladas de peixe de várias espécies em cada tanque piscícola dos quatro de que dispõe neste momento. A captura do pescado é feita mediante a verificação do nível do seu crescimento, não obedecendo por isso a um calendário previamente definido.
A localização do seu empreendimento em Macone, que é banhado em quase toda a sua extensão territorial pelas águas do Oceano Índico, despertou o interesse em desenvolver a aquacultura tendo como matéria para multiplicação as espécies marinhas locais, medida adoptada como forma de fazer face às dificuldades que vinha encarando na obtenção de alvinos a partir da vizinha província da Zambézia, porquanto Nampula ainda não dispõe de um centro de produção.
“Actualmente disponho de 38 hectares e nesta porção de terra pratico as culturas de arroz, milho e feijões. Nas terras próximas ao mar mandei abrir quatro tanques piscícolas em meados do ano passado e, para tal, recorri a meios mecanizados, mas para acabamentos solicitei apoio das comunidades. Concluída esta fase e com recurso a uma motobomba de grande potência, colocámos a tubagem de grande calibre nas águas do mar para fazer o enchimento e no final ficámos surpreendidos ao verificar que no interior dos tanques havia peixe miúdo em abundância que não hesitámos reproduzir”- explicou Manuel Gimo.
Para alimentar o pescado, a opção recaiu na farinha de mandioca seca, térmita e arroz fresco que está a ser produzido nos campos agrícolas. Segundo constatação da nossa Reportagem, a garoupa, vermelhão, chereua, pedra, entre outras, são as espécies predominantes e que registam procura notável a nível do mercado de consumo de produtos pesqueiros.
Manuel Gimo reconheceu que tudo o que faz na aquacultura se baseia em técnicas locais, razão por que enfrenta dificuldades visando contornar os problemas que enfermam o crescimento dos crustáceos, em particular o camarão.
A costa moçambicana tem sido assolada por mau tempo, não permitindo aos pescadores de se fazerem ao mar nas suas embarcações. Manuel Gimo disse que é nesse período que se faz a captura de peixe no interior dos tanques para abastecer e satisfazer as suas necessidades e das comunidades locais a preços concorrenciais.
José Alafo, director nacional adjunto do Instituto de Aquacultura, mostrou-se impressionado com o que estava a assistir em Macone, reconhecendo ser a primeira experiencia do género com a qual convivia nos seus anos de serviço e como técnico da área. Recomendou, entretanto, que fosse uma assistência técnica ao operador em termos de técnicas que possam promover o crescimento célere das espécies marinhas.
Por seu turno, o ministro das Pescas, Victor Borges, que também se mostrou impressionado com a iniciativa, aconselhou o operador pesqueiro a expandir a sua experiência e adicionalmente identificar o mercado para colocação do pescado, porque o volume de capturas pode superar a procura.
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