Cultura Luta contra caça furtiva: Moçambique prepara-se para endurecer medidas

Luta contra caça furtiva: Moçambique prepara-se para endurecer medidas

Um dos aspectos a ter em conta, está relacionado com a necessidade de Moçambique avançar com leis que criminalizem os autores da caça furtiva. Até aqui, no país, os implicados na caça furtiva apenas pagam multas e acabam restituídos à liberdade, ao contrário do que acontece na África do Sul, onde a prática dá direito a pesadas penas de prisão e multas astronómicas, tudo para desencorajar o abate indiscriminado de animais.

Os primeiros passos neste sentido foram dados ontem, nas primeiras conversações havidas entre os Ministros do Turismo de Moçambique, Carvalho Muária, e dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente da África do Sul, Edna Molewa, que superintende a área de conservação no seu país. A reunião ministerial foi motivada pelo recrudescimento dos casos da caça furtiva visando rinocerontes, que têm dilacerado os efectivos desta espécie existentes no Parque Nacional do Limpopo, afectando também o Kruger Park, na vizinha África do Sul, com o envolvimento dos moçambicanos.

Segundo dados avançados no encontro, pelo menos 15 moçambicanos foram mortos este ano quando tentaram caçar rinocerontes no Kruger Park, na sua maioria jovens da zona de Mapulanguene, em Magude, Província de Maputo. Outras 13 pessoas estão detidas aguardando procedimentos judiciais.

Na luta contra o fenómeno, as autoridades tem vindo a recuperar inúmeras armas de fogo, na sua maioria AKM usadas para o abate de animais. Só em Magude, a Polícia moçambicana conseguiu recuperar 41 armas de fogo, também, muitas delas do tipo AKM, que vinham sendo usadas pelos furtivos para abater os animais com a finalidade de se lhes extrair os cornos para a posterior venda no mercado negro.

Dados fornecidos ontem pela Ministra sul-africana, Edna Molewa, indicam que só este ano oram abatidos nos parques sul-africanos 408 rinocerontes. De 2008 a esta parte, foram mortos 2.062 animais.

Contudo, quando questionada sobre as medidas impostas pela polícia e o exército sul-africano, que de forma deliberada tem estado a matar qualquer moçambicano que é encontrado no Kruger Park, bem como pelo facto de circularem informações dando conta que a África do Sul contratou especialistas americanos para treinar a sua força de modo a ter habilidades no tiro para combater os furtivos, a ministra Edna Molewa desmentiu categoricamente tais informações.

Carvalho Muária e Edna Molewa discutiram ainda questões relacionadas com a actualização recíproca da informação sobre a caça furtiva e operações conjuntas no Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo e a proposta de memorando de entendimento entre os dois países sobre a cooperação na gestão e conservação da biodiversidade.

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