O presidente moçambicano, Armando Guebuza, considera preocupante o ressurgimento do fenómeno de mudanças inconstitucionais de governo, que constitui uma ameaça aos ganhos alcançados ao longo das cinco décadas da União Africana (UA), anteriormente Organização da Unidade Africana (OUA).
Numa mensagem de exortação por ocasião Bodas de Ouro da Unidade Africana, que se celebram a 25 de Maio corrente, Guebuza aponta também como preocupantes os desafios que se colocam ao continente em várias áreas, com destaque para infra-estruturas e diferentes manifestações da pobreza.
Em resposta a esta tendência, segundo Guebuza, os líderes africanos têm estado a reforçar a sua capacidade de resposta no quadro da Arquitectura Africana de Paz e Segurança e a consolidar os ganhos no contexto do Mecanismo Africano de Revisão de Pares.
“África está bem posicionada para desenvolver soluções inovadoras para os desafios que enfrenta. Temos uma rica história de vitórias, honras e glórias e recursos para nos reinventarmos para continuarmos a construir a nossa prosperidade e bem-estar”, afirma o estadista moçambicano na sua mensagem que AIM teve acesso.
Não obstante os desafios, Guebuza recorda, contudo, que volvidas cinco décadas, quase todo o continente libertou-se da colonização e edificou pilares sólidos para o exercício da democracia multipartidária, boa governação e do Estado de Direito.
“Registamos igualmente progressos na área social e económica e na fasquia que o nosso continente alcançou na agenda internacional de paz, segurança e desenvolvimento”, enaltece a mensagem.
Em reconhecimento da contribuição da organização para a causa do continente, Guebuza convida todos os moçambicanos residentes no país e no estrangeiro, para que se associem “com entusiasmo e sentido de pertença a esta bela Mãe-África, aos programas alusivos ao Jubileu de Ouro da Unidade Africana”.
“Esta é uma oportunidade para nos curvarmos perante a clarividência dos fundadores da nossa organização continental e perante a sua persistência na realização da visão de uma África livre e independente”, sublinha Guebuza, para quem, em sua homenagem, “devemos, hoje, continuar a lutar pela libertação económica da nossa Mãe-África, com as comunidades económicas regionais a desempenharem o seu papel e a consolidarem o ambiente onde impera a auto-estima, a cultura de trabalho e a paz”.
As celebrações da UA realizam-se sob o lema “Pan-africanismo e Renascimento Africano”, duas emblemáticas expressões da solidariedade africana e da luta pelo resgate da dignidade africana, liberdade e independência.
“À volta deste lema celebremos pois, os nossos valores e as matrizes identitárias para continuarmos a unir o passado e o presente para que, com orgulho, sejam apropriados pelas gerações vindouras”, apela o presidente.
A União Africana sucedeu a extinta Organização da Unidade Africana (OUA), fundada a 25 de Maio de 1963.
RM