Segundo a Ministra de Administração Estatal, Carmelita Namashulua, que falava em Maputo, na sessão de perguntas ao Governo, no Parlamento moçambicano, a magnitude dos desastres registados este ano teve impacto significativo na estrutura socioeconómica, fazendo regredir alguns sectores de actividade. Esta situação, força o Governo a ter que redimensionar o Plano Económico e Social para 2013.
Na bacia do Limpopo, as cheias afectaram directamente cinco distritos, nomeadamente Chicualacuala, Xai-Xai, Chókwè, Guijá, Chibuto, enquanto na bacia do Zambeze os distritos críticos foram Chinde, Morrumbala e Mopeia. Outros distritos afectados são Namacurra e Maganja da Costa banhados pelo Licungo, Panda e Homoíne (rio Inhanombe) e Magude e Manhiça, no Incomáti.
O Governo destacou danos em áreas como a agricultura, Educação, Saúde, infra-estruturas hidro-agrícolas, estradas e pontes, entre outras.
Só no sector de estradas, de um total de 30 mil de extensão da rede nacional, cerca de 4000 ficaram intransitáveis, fazendo com que o nível de transitabilidade baixasse de 93 por cento para cerca de 85 com cortes em troços como Magude/Mapulanguene, Chicumbane/Xai-Xai, Chissano/Chibuto, 3 de Fevereiro/Maniquinique/Chilembene, Chibuto/Guijá, Lindela/Homoíne, Tica/Buzi, Matambo/Songo, Tete/Boroma, Chimuara/Nicoadala/Namacurra (EN1), Namacurra/Macuze, Nametil/Boila, Marrupa/Balama, Muepane/Quissanga e Mandimba/Lichinga.
Apesar desta situação, segundo a ministra, ficou visto que nos últimos anos o país tem vindo a conhecer avanços significativos no sistema de redução de risco, em que as comunidades têm um papel importante. A implementação do programa de reassentamento também contribuiu para a redução do número de vítimas.
O balanço apresentado na ocasião dá conta da ocorrência de 117 óbitos em todo o país, de um universo de 478892 pessoas afectadas. Aquando das cheias de 2000, que foram relativamente superiores às actuais, o registo apontou para 439 óbitos na província de Gaza.
Do total de mortos este ano, 50 foram por afogamento, 39 por descargas atmosféricas, 27 por situações associadas ao desabamento de casas, queda de árvores e por electrocussão e um por ataque de crocodilo. Reafirmou que a principal estratégia do Governo continua a ser a prevenção como um dos pilares para o sucesso das acções de gestão e redução do risco de calamidades bem como para a melhoria do bem-estar das comunidades.
O Primeiro-Ministro, Alberto Vaquina, que abriu a sessão de respostas às questões suscitadas pelas três bancadas, à volta das cheias e das acções em curso, visando minorar o sofrimento da população, disse que a preocupação do Executivo é normalizar a vida da população, reconstruir as infra-estruturas danificadas, concluir o reassentamento, entre outras.
Vaquina deu conta que num quadro cíclico onde as mudanças climáticas tendem a tornar os desastres mais frequentes e intensos, exige-se uma reflexão profunda visando a salvaguarda da população que vive ao longo das planícies e bacias dos rios propensos a inundações, que passa pela combinação de acções como o reassentamento e construção de infra-estruturas de protecção, como barragens e diques de protecção.
A sessão prossegue hoje com a colocação e resposta às perguntas de insistência por parte dos deputados das três bancadas.