Figura controversa, Hugo Chávez, o 56.º Presidente da Venezuela, morreu de forma precoce, derrotado por um cancro que mostrou que o mais forte líder político não está imune à fraqueza humana. É a crónica de uma morte anunciada, no adeus do defensor dos pobres, que ameaçava a democracia.
Hugo Rafael Chávez Frias nasceu a 28 de julho de 1954, em Sabaneta, Barinas. Foi um oficial militar de carreira, líder da Revolução Bolivariana, que defendia a doutrina do socialismo.
Fundou o movimento de esquerda Quinta República, sendo eleito presidente em 1998, tornando-se no 56.º presidente da Venezuela. Hugo Chávez obteve grande popularismo, em resultado da sua personalidade e das políticas que aplicou, de combate à pobreza, ao analfabetismo, à desnutrição e a outros problemas sociais.
Ao longo do seu polémico exercício, fundiu partidos da Venezuela, centralizou o poder e conseguiu controlar alguns eixos da economia venezuelana, como a indústria petrolífera, o Banco Central da Venezuela, o Tribunal Supremo de Justiça e a assembleia.
A sua política era marcadamente anti-EUA, contra o capitalismo, na defesa dos países pobres, sobretudo as da América Latina. Hugo Chávez foi, no entanto, visto como uma ameaça à democracia. A Human Rights Watch criticou o autoritarismo de Chávez, que era visto por aquela ONG como uma ameaça aos direitos humanos.
E estes extremos de Chávez – o defensor dos pobres amado pelo seu povo e o líder autoritário que ameaça a democracia – marca uma personalidade que, independentemente de qualquer visão, fica na história mundial. Chávez, eleito em 2005 e 2006 pela revista Time como uma das pessoas mais influentes do mundo, conseguiu inscrever o seu nome na lista de líderes nacionais com maior preponderância no cenário político mundial.
A queda de Chávez não se faz no panorama político. Aos 58 anos, morre em Caracas, vítima de uma doença que o fragilizou, num paradoxo entre o político com personalidade forte e o homem que cede perante uma doença traidora.
O fim de vida, a crónica de uma morte anunciada, não representa o fim de Chávez. Os efeitos desta derrota do comandante já se fazem sentir, com o acentuar das cisões políticas na Venezuela e o aumento do ódio aos EUA.