Segundo os produtores, actualmente o quilograma da castanha em bruto varia entre 10 a 12 meticais, um preço muito baixo tendo em linha de conta os custos de produção, nomeadamente, poda dos cajueiros, limpeza para evitar as queimadas descontroladas, pulverização até a própria apanha.
Os produtores aproveitaram a presença da direcção máxima do sector naquela cerimónia para lançar o grito do socorro, pois, segundo afirmaram, os rendimentos provenientes da venda da castanha, embora não sendo muitos poucos, não correspondem a realidade, situação agravada pela arrogância dos compradores que afastam toda a possibilidade de negociação de preços.
“Eles, os compradores, quando chegam nas nossas casas só determinam o preço de 10 meticais o quilograma e mais nada. Eu também não posso negar com a castanha porque não tenho muitas possibilidades de colocar este produto ao comerciante, acabo entregando mesmo sabendo que podia custar um pouco mais do que isso”, disse Pedro Mudisse, produtor e ao mesmo tempo provedor de Macocolombane.
Aquele camponês pediu a intervenção do Estado na fixação do preço, pois, segundo disse, para os distritos de Panda, Funhalouro e Mabote a castanha de caju é uma alternativa à insegurança alimentar ocasionada por factores climatéricos, estiagem e secas cíclicas na região.
Herculano Macause, de Hambucane arredores de Macocolombane, afirmou que a venda da castanha não passa de uma troca com um outro produto de valor correspondente, daí que os compradores devem aceitar o preço dos donos porque a castanha é importante como outro produto.
Em resposta às inquietações, Filomena Maiópe explicou que uma das razões da queda dos preços é a consequência da crise financeira internacional que está a fustigar a Europa, o maior cliente da castanha moçambicana.
Para contornar a situação, a directora nacional de INCAJU disse que os produtores devem vender a sua castanha em feiras de comercialização, onde todos produtores devem estar unidos e defenderem um preço único.
A província de Inhambane prevê comercializar nesta campanha, 7.500 toneladas de castanha bruta, contra pouco mais de cinco mil toneladas do ano passado.
Por seu turno, o delegado provincial de INCAJU, Jaime Chissico, disse que na época passada a comercialização de castanha de caju baixou drasticamente devido a vários factores climatéricos que fustigaram a província de Inhambane, nomeadamente, intenso frio e queimadas descontroladas. Nessa época pouco mais de 50 mil cajueiros foram destruídos por efeitos combinados, queimadas descontroladas e intenso frio.
Inhambane conta com cerca 500 provedores e pouco mais de 12 mil produtores da castanha. Na presente época foram pulverizados 398 mil cajueiros e foram produzidos 277.833 mudas de cajueiros.
As autoridades do sector de caju naquela região do país estão a desenvolver um projecto da renovação do cajual, pelo facto de grande das actuais plantas não estarem a produzir o suficiente, devido ao estado avançado da sua idade.