Politica Governo e Renamo divergem no primeiro encontro para discutir tensão política

Governo e Renamo divergem no primeiro encontro para discutir tensão política

Governo e Renamo divergem no primeiro encontro para discutir tensão política
O Governo moçambicano e a Renamo, principal partido da oposição, divergiram hoje (segunda-feira) no primeiro encontro destinado a ultrapassar a tensão que o país vive desde que o presidente do movimento, Afonso Dhlakama, regressou à sua antiga base central, noticia a LUSA.  

A reunião de hoje, que decorreu numa estância turística em Maputo, surge após a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), ter pedido uma audiência para discutir com o Governo preocupações relacionadas com a alegada violação do Acordo Geral de Paz (AGP) pelo Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

Consta também como preocupação da RENAMO, a partidarização do Estado, falta de igualdade no acesso às oportunidades económicas existentes no país e supostas fraudes eleitorais.

 A exigência de negociações com o Governo segue-se ao regresso, em Outubro deste ano, do presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, à Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país, onde funcionou a principal base da guerrilha que o movimento levou a cabo durante 16 anos, até à assinatura do AGP em 1992.

Em conferência de imprensa que se seguiu à reunião, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, afirmou que o seu partido exigiu que o Governo respeite o Acordo Geral de Paz, suspendendo o programa de passagem compulsiva à reserva de membros da antiga guerrilha e desmantelando a Força de Intervenção Rápida (FIR), ou, em alternativa, integrando membros da Renamo nesta unidade.

A Renamo transmitiu igualmente a sua preocupação em relação à partidarização do Estado e à exclusão no acesso às oportunidades económicas, principalmente na distribuição dos rendimentos provenientes dos recursos naturais, afirmou Manuel Bissopo.

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O secretário-geral da RENAMO disse ainda que o seu partido quer que a futura lei eleitoral dê garantias de que os próximos pleitos eleitorais sejam livres, transparentes e justos.

“O Governo da FRELIMO é o mesmo, não muda. Não reconheceu legitimidade aos pontos apresentados pela RENAMO, nem nos transmitiu a confiança de que os vai resolver. Amamos a paz, mas estamos preparados para a guerra”, disse Manuel Bissopo, reiterando a ameaça de um regresso à guerra, mais de 20 anos, após o termo do conflito armado que durou 16 anos.

Por seu turno, o ministro da Agricultura, José Pacheco, que chefiou o Governo nas negociações com a RENAMO, disse que “o Governo registou as preocupações da RENAMO e pediu que no próximo dia 10 de Dezembro apresente aspectos mais específicos das suas reivindicações”.

José Pacheco rejeitou as acusações da RENAMO, assinalando que o ingresso ao aparelho do Estado e às oportunidades económicas estão acessíveis a todos os moçambicanos, dentro da lei.
 
Por outro lado, observou o ministro da Agricultura, as eleições no país têm sido consideradas livres e justas pelos observadores nacionais e internacionais.

“Se a Renamo diz que há partidarização do Estado pela FRELIMO, deve dizer em que ministério isso acontece, se diz que há exclusão no acesso aos benefícios económicos, deve indicar quem foi excluído”, frisou José Pacheco.