Moçambique inicia um trabalho significativo para integrar a digitalização e a inteligência artificial (IA) na modernização dos seus sistemas de aviso prévio e precoce, conforme anunciou o Presidente da República, Daniel Chapo, durante um evento em Genebra.
O estadista revelou que o país está a promover a digitalização progressiva dos serviços meteorológicos e hidrológicos, permitindo a interligação de plataformas a nível nacional e regional. O objectivo é criar mecanismos automáticos para a recolha e partilha de dados climáticos, que serão acessíveis a todos os moçambicanos e a outras nações do continente.
Chapo explicou que o investimento nesta área visa construir um sistema interligado, fácil de acessar, onde a informação científica se converta em alertas compreensíveis e oportunos para a população. No entanto, o Presidente sublinhou que o financiamento climático em Moçambique é ainda limitado, dado que o orçamento do Estado enfrenta restrições típicas de um país em desenvolvimento.
Diante desse cenário, Chapo defende a mobilização de novas parcerias público-privadas e a implementação de mecanismos inovadores que promovam a responsabilidade partilhada entre as nações e as instituições multilaterais. Ele destacou que cada dólar investido em avisos prévios pode traduzir-se em economias significativas na reconstrução, com uma relação de sete dólares poupados por cada dólar gasto.
A inclusão é outra prioridade, pois o Presidente afirmou que a cobertura universal dos alertas só será viável se for centrada nas pessoas. Moçambique está a trabalhar para que os avisos sejam simples, acessíveis e úteis para todos, focando na educação climática nas comunidades e nas instituições de ensino.
Chapo elogiou o esforço do país em liderar este processo, priorizando o fortalecimento das capacidades humanas e tecnológicas dos institutos relevantes, como o Instituto Nacional de Meteorologia (INAME) e o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD). Ele alertou sobre o agravamento da intensidade e frequência dos fenómenos extremos, caso não se adoptem medidas efectivas.
“Se queremos um futuro melhor, é imperativo agir agora”, afirmou, fazendo um apelo às Nações Unidas, fundos climáticos e instituições financeiras para que reforcem o apoio a países vulneráveis como Moçambique.
O país reafirma igualmente o seu comprometimento com a iniciativa “Early Warnings For All” e os princípios do Acordo de Paris, destacando que a eficiência dos sistemas de alerta depende da inovação e do investimento sustentável. Atualmente, Moçambique beneficia do apoio da SOFF (Systematic Observations Financing Facility), que se traduz na modernização da rede hidrometeorológica nacional, incluindo a instalação de radares meteorológicos que farão parte da Rede Básica de Observação Global (GBON) da Organização Meteorológica Mundial.