O sector financeiro, saúde e transportes estão entre os mais afectados por ataques cibernéticos a nível global, incluindo Moçambique.
Esta informação foi revelada pelo especialista em Segurança de Informação e Cibersegurança, Mário Lavado, numa palestra realizada na capital moçambicana.
Durante a sessão, Lavado destacou que os sectores da administração pública, finanças, saúde, banca, seguros, bolsa e transportes são alvos preferidos dos cibercriminosos, que exploram as fragilidades presentes nessas áreas. “Os atacantes escolhem cuidadosamente as suas vítimas. Atacam aqueles que apresentam mais vulnerabilidades, em vez de se confrontarem com grandes organizações que exigem muito tempo e recursos para serem comprometidas”, afirmou o especialista.
Lavado ilustrou a sua argumentação com a comparação entre os ciberataques e a caça, onde os predadores buscam as presas mais fáceis. “Neste momento, as instituições públicas são as que apresentam menos resistência às investidas cibernéticas”.
Em relação à motivação dos ataques, o especialista esclareceu que existem diferentes objectivos, como o desvio de dinheiro e a destruição de dados. Para mitigar esses riscos, é crucial que instituições e cidadãos compreendam as ameaças em seu entorno e adoptem programas de segurança cibernética efectivos.
No contexto moçambicano, a vulnerabilidade do sistema de pagamentos digitais foi particularmente enfatizada. “O país enfrenta ameaças significativas, especialmente relacionadas a moedas electrónicas, onde os criminosos enviam mensagens solicitando valores a números desconhecidos”, explicou.
Lavado apontou ainda a dificuldade em rastrear transacções realizadas com criptomoedas, alertando que a falta de regulamentação nesse sector dificulta o controle financeiro. “É imperativo que os países estabeleçam regras claras para a utilização de moedas digitais, de modo a melhorar a supervisão”, acrescentou.
O especialista recomendou a criação de programas de sensibilização, alertando os cidadãos para a necessidade de prudência ao utilizar dispositivos conectados à internet. “Ao aceder à rede, é fundamental ter consciência dos possíveis perigos que se enfrentam. Um simples clique em um link desconhecido pode resultar em sérios problemas de segurança”.
Além disso, Lavado aconselha uma abordagem cautelosa em situações de comunicação com desconhecidos, onde a verificação da autenticidade deve ser a primeira atitude. Essa precaução é essencial para a prevenção de ataques cibernéticos.
Por último, o especialista destacou a manipulação de informação, como a disseminação de fake news, como uma das grandes ameaças actuais, especialmente em contextos de campanhas eleitorais. “É crucial não apenas compreender as ameaças que enfrentamos, mas também as motivações por trás dos atacantes”, concluiu Lavado.