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Mocímboa da Praia sofre segundo ataque jihadista em duas semanas com nove morto

A cidade de Mocimboa da Praia, localizada na província de Cabo Delgado, foi alvo de um ataque de terroristas islâmicos pela segunda vez este mês, conforme relata a edição do jornal independente “Mediafax”.

Os atentados ocorreram nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, quando os jihadistas invadiram o bairro Filipe Nyusi, numa ação que se revelou brutal. A gangue moveu-se de casa em casa à procura de indivíduos específicos, resultando na morte de cinco pessoas, das quais quatro foram decapitadas. Além disso, três pessoas foram sequestradas durante o ataque.

Uma das vítimas sequestradas foi libertada mais tarde na manhã de segunda-feira, aparentemente após o pagamento de um resgate pela sua família. Este ataque acontece 15 dias após uma incursão anterior no mesmo bairro, totalizando nove mortos, sete dos quais decapitados.

O administrador do distrito de Mocimboa da Praia, Sergio Cipriano, confirmou o número de mortos. Em entrevista à Rádio Moçambique, ele informou que o homem sequestrado era funcionário de uma ONG, mas não confirmou se foi realmente pago algum resgate.

Mocimboa da Praia foi o local do primeiro ataque jihadista em Cabo Delgado, ocorrido em Outubro de 2017. Desde então, a cidade tem sido alvo de múltiplos ataques, tendo sido ocupada durante cerca de um ano em 2020. As forças moçambicanas e ruandesas conseguiram expulsar os terroristas em Agosto de 2021 e estabeleceram um perímetro de segurança. Contudo, os jihadistas conseguiram novamente ultrapassar essa segurança por duas vezes em apenas duas semanas.

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Simultaneamente, o Gabinete de Inteligência Financeira de Moçambique (Gifim) anunciou que, entre 2017 e 2024, foram apreendidos 458,6 milhões de meticais (aproximadamente 7,1 milhões de dólares norte-americanos) nos distritos do norte de Cabo Delgado. Um relatório de Análise Estratégica, publicado na edição de terça-feira do jornal “Carta de Moçambique”, indica que este montante era destinado ao financiamento do terrorismo.

O relatório do Gifim esclarece que o financiamento é realizado através de pequenos depósitos, transferências bancárias e levantamentos em numerário. Embora os valores individuais sejam reduzidos, a soma totaliza quantias significativas. O Gifim considera que esses levantamentos são uma táctica para enganar o sistema bancário.

“Os indivíduos suspeitos de financiar o terrorismo são clientes de instituições financeiras”, afirmou o Gifim, mencionando comerciantes, funcionários públicos, membros de ONGs e empresas privadas localizados em áreas afectadas pelo terrorismo.

O relatório especifica ainda que os recursos provêm de outros crimes, incluindo assaltos a bancos, contrabando de armas, exploração ilegal de recursos naturais, mineração ilegal, tráfico de drogas e de metais preciosos, além de rapto. O Gifim revelou que alguns gestores de empresas suspeitas abandonaram o país e encerraram as suas actividades, como é o caso dos proprietários de empresas de distribuição de combustíveis, que deixaram Moçambique logo após a divulgação de notícias ligando tais empresas ao terrorismo.