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Ataques em Mocímboa da Praia forçam deslocamento de centenas de famílias para Mueda

Nos últimos dias, pelo menos 325 famílias, totalizando 879 pessoas, refugiaram-se em Mueda após um novo ataque perpetrado por alegados terroristas na vila de Mocímboa da Praia, localizada na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A informação foi divulgada pelo administrador do distrito, Atanásio Amba.

Atanásio Amba revelou que a entrada dos deslocados tem sido acompanhada de algumas dificuldades no processo de registo. “Temos tido algum constrangimento no registo [de deslocados]; portanto, eles entram, mas não se deslocam para o centro de reassentamento”, explicou.

O cenário de violência na região agrava-se, tendo sido reportados quatro homicídios na noite de domingo, atribuídos a supostos terroristas nos arredores de Mocímboa da Praia. Uma pessoa foi raptada no mesmo local onde, duas semanas antes, cinco indivíduos foram assassinados, de acordo com fontes locais citadas pela Lusa.

O administrador de Mueda alertou para as dificuldades que a região enfrenta em fornecer o essencial às populações deslocadas. “Temos enfrentado problemas de água e de saneamento. Por exemplo, tem havido necessidade de termos lajes para a construção de latrinas melhoradas”, acrescentou.

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Por sua vez, Sérgio Cipriano, administrador de Mocímboa da Praia, expressou a preocupação local com o aumento da insegurança no distrito, especialmente após o recente ataque que causou quatro mortes. “A nossa maior preocupação é mesmo com o aumento da insegurança. Neste momento, a vida está a fluir, mas não com muito sorriso. Há alguma preocupação, alguma angústia, sobretudo entre os funcionários, mas estamos a trabalhar”, disse.

Dados oficiais indicam que, no final de Julho, ataques de grupos terroristas no sul da província já tinham gerado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre. Desde Julho, Cabo Delgado tem registado um recrudescimento de ataques, afectando distritos como Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e, mais recentemente, Mocímboa da Praia.

Um estudo do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS) revelou que, em 2024, pelo menos 349 pessoas perderam a vida em ataques no norte de Moçambique, sendo a maioria desses incidentes reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, o que representa um aumento de 36% em relação ao ano anterior.