Capa SERNIC detém quatro envolvidos em esquema de burla em concursos públicos

SERNIC detém quatro envolvidos em esquema de burla em concursos públicos

O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) da Cidade de Maputo apresentou quatro indivíduos suspeitos de integrarem uma rede criminosa dedicada à burla qualificada e falsificação de documentos. 

Os detidos têm alegadas ligações à manipulação de concursos públicos em instituições do Estado.

Segundo o porta-voz do SERNIC, João Adriano, os suspeitos são acusados de forjar pareceres e documentos oficiais, fazendo-se passar por funcionários públicos ou representantes de instituições adjudicantes.

O objectivo era obter ganhos ilícitos junto de empresas concorrentes em concursos públicos.

O SERNIC revelou que o grupo simulava decisões de adjudicação, aliciando empresas concorrentes com promessas falsas de contractos públicos em troca de pagamentos monetários. “Estamos perante indivíduos reincidentes, com três processos anteriores por crimes da mesma natureza”, declarou Adriano.

Os suspeitos seguiam os anúncios de concursos e abordavam tanto os representantes das empresas promotoras como os concorrentes, alegando ter influência sobre os resultados. Utilizando documentos falsificados, extorquiam quantias elevadas sob o pretexto de garantir a adjudicação.

João Adriano sublinhou a gravidade social deste tipo de prática, classificando-a como uma nova forma de burla que explora vulnerabilidades institucionais e empresariais. O SERNIC também advertiu que empresas que aceitarem pagar os valores exigidos poderão ser responsabilizadas por envolvimento em actos de corrupção.

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Os quatro detidos negam qualquer envolvimento nos crimes e questionam a legalidade da sua detenção. Em declarações à AIM, afirmam que foram levados sem mandado judicial, sem notificação formal e mantidos incomunicáveis durante vários dias. Relatam ainda ter sido intimidados, espancados e mantidos em locais clandestinos, incluindo um suposto espaço conhecido como “congelador”, na zona de Chiango.

“Estava num bar com amigos quando fui abordado. Disseram: ‘Confessa lá’. Mas confessar o quê? Nunca fiz nada”, relatou um dos detidos. Outro alegou ter sido levado à força em frente à loja da esposa e para um local escuro. “Gritei por socorro. Depois, espancaram-me”, acrescentou.

Um terceiro detido afirmou que apenas entregou um envelope sem saber o conteúdo, enquanto o quarto negou conhecer os outros envolvidos, afirmando ter sido confundido. “Estava à espera de alguém num bar quando fui levado. Achei que era um sequestro”, disse.

Os detidos indicam que ainda não foram oficialmente informados sobre os processos, nem tiveram acesso a advogados ou contacto com familiares. Afirmam que as autoridades os estão a utilizar como “bodes expiatórios” num processo mal instruído e pedem uma reavaliação do caso.