Sociedade Programa Aliadas foca em mulheres vítimas de conflito em Cabo Delgado

Programa Aliadas foca em mulheres vítimas de conflito em Cabo Delgado

O programa Women’s Voice and Leadership, Aliadas (WVL-Aliadas) entra numa nova fase voltada para o fortalecimento do empoderamento das mulheres moçambicanas, especialmente as vítimas do conflito armado na província de Cabo Delgado, no norte do país.

A iniciativa, coordenada pelo Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC) e conta com o financiamento do Governo do Canadá, foi relançada na última quinta-feira, em Maputo, com o intuito de consolidar o movimento feminista em Moçambique.

Durante o evento, Paula Monjane, directora do programa, enfatizou que a renovação acontece “num contexto interno e externo cada vez mais complexo”, que requer abordagens estratégicas e inclusivas. Monjane reafirmou o compromisso de dar atenção especial às mulheres em Cabo Delgado, assim como a grupos emergentes, incluindo mulheres LGBTQI+, jovens urbanas e rurais.

Na primeira fase do programa, que decorreu entre 2019 e 2024, foram apoiadas mais de 4.000 mulheres através de 57 colectivos feministas por todo o país. A nova fase, que se estenderá até 2030, conta com um orçamento de 9,7 milhões de dólares canadianenses (equivalente a cerca de 455,9 milhões de meticais) e irá utilizar Fundos plurianuais, Mecanismos de resposta rápida, além de reforço institucional e técnico às organizações parceiras.

Fidélia Chemane, directora executiva do CESC, sublinhou que Cabo Delgado se tornou uma prioridade à medida que o conflito se intensificava. “O programa não foi concebido para contextos de guerra, mas tornou-se evidente que não havia lugar mais urgente para o Aliadas do que Cabo Delgado”, declarou.

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As actividades em campo incluem a realização da primeira pesquisa nacional sobre mulheres deslocadas, sessões de terapia comunitária e apoio a traumas, além de acções de solidariedade com metodologias feministas adaptadas à realidade local.

Durante a pandemia da Covid-19, o Aliadas lançou a plataforma Mulheres com Vida, que conta com mais de 120 representantes de colectivos feministas. Esta experiência evidenciou a importância da articulação e resposta ágil, resultando na criação do Observatório das Mulheres e do Observatório do Feminicídio.

O programa também promoveu a Feira Económica Solidária em Nampula, associando o debate de direitos a oportunidades económicas. Na nova fase, o intuito será fortalecer a influência política dos colectivos, sobretudo em reformas estruturantes como a Lei do Conteúdo Local.

Monjane expressou: “Queremos que as mulheres possam intervir no diálogo político nacional e que as suas realidades sejam levadas em conta.”

O programa manterá flexibilidade e escuta activa frente a desafios como as alterações climáticas e a vulnerabilidade social. Chemane concluiu: “Não teremos respostas rígidas, mas vamos continuar a colaborar com as comunidades, em marcha até que todas estejamos livres.”