A Human Rights Watch (HRW) emitiu um alerta sobre o crescente número de crianças raptadas por grupos terroristas na província moçambicana de Cabo Delgado, onde operam desde 2017.
As crianças sequestradas são frequentemente submetidas a trabalhos forçados, levando a organização a pedir acções urgentes do Governo moçambicano.
Ashwanee Budoo-Scholtz, directora-adjunta para a África da HRW, afirmou no comunicado que “o aumento dos sequestros de crianças em Cabo Delgado agrava os horrores do conflito em Moçambique” e apelou à Al-Shebab para que proteja as crianças e liberte imediatamente aquelas que foram sequestradas.
O comunicado destaca que as crianças são utilizadas pelos rebeldes associados ao grupo Daesh para realizar tarefas como transporte de bens saqueados, trabalhos forçados, casamentos forçados e participação em combates. A HRW também referiu que, de acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as crianças que são libertadas enfrentam dificuldades na reintegração nas suas comunidades.
A organização pediu ao Governo de Moçambique a implementação de medidas concretas para proteger as crianças e evitar que grupos armados as utilizem como instrumentos de conflito. Isso inclui a criação de planos de reintegração para aquelas que retornam após serem sequestradas.
“As autoridades moçambicanas devem procurar prevenir novos sequestros, investigar os casos existentes e processar os responsáveis de forma justa. Além disso, é essencial garantir o apoio adequado às vítimas, incluindo cuidados médicos, assistência psicossocial e mecanismos de reintegração que assegurem a protecção e bem-estar das crianças”, afirma o comunicado da HRW.
A Lusa noticiou anteriormente que Moçambique registou um aumento percentual de 525% em violações graves contra crianças em conflitos armados, tornando-se o segundo país com maior aumento após o Líbano, segundo um relatório da ONU.