Os Estados Unidos anunciaram a celebração de acordos separados com a Rússia e a Ucrânia, visando um cessar-fogo imediato no mar Negro e a suspensão de ataques a infraestruturas energéticas.
Contudo, as condições para a implementação destes acordos permanecem obscuras e poderão estar sujeitas a negociações adicionais.
Após intensas conversações realizadas na Arábia Saudita, no último fim-de-semana, a Administração Trump divulgou dois comunicados distintos, cada um reflectindo os resultados das discussões com as delegações russa e ucraniana. Embora muitos dos pontos abordados sejam comuns, como o compromisso de “garantir a segurança da navegação” e “evitar o uso de força” no mar Negro, bem como desenvolver medidas para proibir ataques a infraestruturas energéticas, as contrapartidas oferecidas a cada parte diferem significativamente.
O comunicado referente à Ucrânia destaca o compromisso dos EUA em “facilitar a libertação de prisioneiros de guerra e civis detidos”, assim como o regresso de crianças transferidas à força para a Rússia.
Em contraste, o acordo com a Rússia enfatiza a intenção americana de auxiliar no “levantamento das sanções sobre a exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos”, uma medida prevista no Acordo de Cereais de 2022, mas que, segundo a Rússia, nunca foi implementada.
O Kremlin manifestou que a implementação do cessar-fogo no mar Negro está condicionada ao levantamento das sanções e à reintegração do banco agrícola russo no sistema internacional SWIFT.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, expressou que a Ucrânia não foi consultada acerca do levantamento das sanções aos produtos agrícolas russos, uma posição com a qual discorda, mas que não irá contestar. “Não acreditamos nos russos, mas vamos ser construtivos”, afirmou Zelensky, acrescentando que, para a Ucrânia, ambos os acordos de cessar-fogo – tanto o que diz respeito aos ataques a infraestruturas como o do mar Negro – entram em vigor a partir da data da publicação dos comunicados dos EUA.
Por sua vez, a Rússia considera que o acordo sobre as infraestruturas começou a ser efectivo a partir do dia 18, data em que foi aceito por Vladimir Putin, e que o acordo referente ao mar Negro só se tornará válido quando as sanções forem levantadas.