O Tribunal da Bósnia e Herzegovina condenou Milorad Dodik, líder da Republika Srpska, a um ano de prisão, além de impor uma medida de segurança que o impede de exercer as suas funções como Presidente da entidade sérvia da Bósnia durante um período de seis anos.
A decisão foi anunciada em comunicado oficial do tribunal, após um longo julgamento que durou cerca de um ano.
Dodik, que não compareceu à leitura da sentença, enfrenta acusações de desobediência ao principal enviado internacional encarregado de supervisionar a paz na Bósnia, numa situação que tem gerado grande apreensão no contexto político do país. Em resposta à condenação, o líder sérvio-bósnio manifestou a sua intenção de desobedecer a qualquer decisão judicial e ameaçou tomar “medidas radicais”, incluindo a possibilidade de secessão da Republika Srpska em relação ao resto da Bósnia.
Essa ameaça separatista de Dodik reaviva os temores numa região que já sofreu as consequências devastadoras da guerra entre 1992 e 1995, que resultou em cerca de 100 mil mortes e milhões de deslocados. Os Acordos de Dayton, mediado pelos Estados Unidos, puseram fim ao conflito e estabeleceram a estrutura política actual, dividindo o país em duas entidades autónomas: a Republika Srpska e a Federação da Bósnia.
Em Banja Luka, capital administrativa da Republika Srpska, milhares de apoiantes de Dodik reuniram-se para demonstrar solidariedade após o veredicto. Dirigindo-se à multidão, Dodik afirmou: “Dizem que sou culpado, entretanto, agora as pessoas aqui vão dizer porque é que não sou culpado”, reforçando a sua convicção de que existe um apoio popular significativo em sua defesa.
Na vizinha Sérvia, a situação também se intensificou, com reportagens da imprensa pró-governamental a informar que o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, convocou uma reunião urgente do conselho de segurança nacional. A expectativa é de que Dodik não seja enviado para a prisão, dada a forte aliança que mantém com Vucic, que poderá oferecer-lhe abrigo em Belgrado. Além disso, é provável que Dodik recorra da condenação.
O conflito entre Dodik e Christian Schmidt, o alto representante internacional, tem-se intensificado, com Dodik a classificar as suas decisões como ilegais. O Acordo de Dayton confere ao alto representante o poder de impor decisões e modificar leis na Bósnia, um aspecto que Dodik tem contestado repetidamente.