Internacional Rússia interrompe fornecimento de gás à Europa a partir de quarta-feira

Rússia interrompe fornecimento de gás à Europa a partir de quarta-feira

A gigante estatal russa Gazprom anunciou que irá cortar o fornecimento de gás à Europa através da Ucrânia a partir de quarta-feira, conforme confirmado pelo regulador nacional do sector. Esta decisão torna quase inevitável um aumento nos preços do gás na região.

Segundo a agência de notícias France-Presse (AFP), a GTSOU, operadora do sistema de transporte de gás da Ucrânia, publicou em seu site uma previsão de zero metros cúbicos (m³) de distribuição de gás a partir de 1 de Janeiro, confirmando a interrupção dos fornecimentos através da rota que incluía a Ucrânia.

Este corte marca o término de um contrato estabelecido em 2019 entre a Gazprom e vários países europeus, como Eslováquia, Moldávia e Hungria. O acordo previa o transporte de gás por gasodutos que atravessam a Ucrânia, os quais continuaram a operar mesmo após a invasão russa ao país em Fevereiro de 2022.

Com o fim deste acordo, os preços do gás na Europa já ultrapassaram os 50 euros por megawatt-hora, o valor mais alto em mais de um ano, impulsionados tanto pela interrupção do fornecimento quanto pelo rigoroso inverno. O contrato de futuros holandês TTF, referência para o gás natural na Europa, superou essa marca durante a sessão.

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Às 15:35 GMT (16:35 em Paris), o preço subia quase 5%, alcançando 50,430 euros por megawatt-hora, o nível mais elevado desde Outubro de 2023. Apesar de esforços para reduzir a dependência do gás russo, a União Europeia ainda deverá consumir 14% desse recurso em 2024, comparado a 12% no ano anterior, segundo Christoph Halser, analista da Rystad Energy.

Diante deste cenário, um inverno mais rigoroso ou atrasos em projectos de gás natural liquefeito podem elevar os preços a curto prazo para cerca de 60 euros por megawatt-hora, conforme prevê Daniela Sabin Hathorn, analista da Capital.com.

O Instituto de Estudos Energéticos de Oxford alerta que a interrupção do fornecimento resultará em uma rápida diminuição das reservas europeias e pressão para a alta dos preços do gás. A escassez de temperaturas amenas e a baixa produção de energia solar e eólica têm aumentado a dependência do gás natural para geração de electricidade.

Actualmente, as reservas de gás na União Europeia estão em cerca de 73%, abaixo dos 86% registados em 2023, segundo a plataforma europeia Aggregated Gas Storage Inventory (AGSI).