A tensão política na Venezuela intensificou-se na véspera da posse presidencial, marcada para sexta-feira, com novas acusações de sequestros de figuras da oposição por parte do regime de Nicolás Maduro.
Apenas dois dias antes do evento crucial, três casos de desaparecimento foram amplamente denunciados.
O primeiro a tornar-se público foi o sequestro do genro de Edmundo González, líder opositor e adversário de Maduro nas últimas eleições. Em uma publicação na rede social X, González revelou que seu genro foi raptado em Caracas enquanto levava os seus dois filhos, com idades de 6 e 7 anos, à escola. A situação alarmante levantou preocupações sobre a segurança da oposição venezuelana.
A ONG Espacio Público denunciou o desaparecimento de Carlos Correa, seu director-executivo, que é uma figura proeminente na luta contra a censura e as violações da liberdade de expressão no país. Segundo relatos, Carlos Correa, teria sido sequestrado por homens encapuzados supostamente ligados ao governo, também em Caracas.
Além destes, a ONG Un Mundo Sin Mordaza trouxe à tona o desaparecimento de Enrique Márquez, ex-presidencial e ex-vice-presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Embora as circunstâncias que rodeiam o seu desaparecimento permaneçam obscuras, o partido Voluntad Popular, do qual Márquez é membro, acusou a “ditadura de Nicolás Maduro” de estar por trás do sequestro, sublinhando a crescente repressão aos defensores dos direitos humanos no país.
Até ao momento, os três homens continuam desaparecidos, o que acentuou a preocupação com a segurança e a liberdade dos opositores do regime chavista.
A nova onda de sequestros surge em um contexto de acusações crescentes de Maduro sobre tentativas de desestabilização por parte de mercenários. O líder venezuelano, que enfrenta desafios à legitimidade de sua vitória nas eleições, anunciou a prisão de mais de 120 estrangeiros acusados de terrorismo, e ameaçou deter ex-presidentes que apoiam González, os quais planeiam estar presentes na cerimónia de posse.
Apesar da repressão e das ameaças, Edmundo González reiterou a sua intenção de retornar à Venezuela na próxima sexta-feira para assumir a presidência, prometendo lutar pelos direitos e pela liberdade do povo venezuelano diante da crescente opressão.