Um ataque com drones ocorreu nos arredores do aeroporto internacional de Cartum, Sudão, a um dia da reabertura da instalação para voos domésticos, a primeira vez em mais de dois anos.
Testemunhas relataram à AFP a passagem de drones sobre o centro e o sul da capital sudanesa, acompanhada de várias explosões na área do aeroporto entre as 04h00 e as 06h00, hora local.
Desde Abril de 2023, o aeroporto está encerrado devido ao conflito em curso entre o exército sudanês, que retomou o controlo da capital na primavera, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF). Na segunda-feira, a Autoridade de Aviação Civil do Sudão anunciou que o aeroporto reabriria na quarta-feira, com uma retoma gradual dos voos domésticos, após a finalização dos preparativos técnicos e operacionais.
Embora a situação em Cartum tenha permanecido relativamente calma desde a restauração do controlo pelo exército, a cidade continua a ser alvo de ataques com drones, com os RSF frequentemente acusados de atacar infraestruturas civis e militares.
Uma testemunha ocular também indicou que drones atacaram a área norte de Omdurman, cidade adjacente a Cartum, visando uma zona conhecida por albergar algumas das principais instalações militares do Sudão.
Até ao momento, não houve reivindicações sobre os ataques, e não foram disponibilizadas informações sobre vítimas ou danos.
Este ataque junta-se a outros dois, também realizados com drones, que atingiram bases militares na capital na última semana. Desde a contraofensiva do exército e a recuperação de Cartum, mais de 800.000 pessoas regressaram à capital. O governo alinhado com o exército lançou uma ampla campanha de reconstrução e está a transferir funcionários públicos de Port Sudan (leste) para Cartum.
Apesar dos esforços de reconstrução, grandes áreas da capital permanecem em ruínas, com milhões de pessoas a sofrer cortes frequentes de energia, em grande parte devido à actividade dos drones dos RSF.
O conflito agora se concentra no oeste do Sudão, onde as forças das RSF cercam há 18 meses El-Facher, a última grande cidade da província de Darfur que não está sob seu controlo. Se capturarem a cidade, as RSF terão domínio sobre todo o Darfur e uma vasta parte do sul do Sudão, enquanto o exército manterá o controlo do centro, leste e norte do país.
A guerra no Sudão resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas, deslocou quase 12 milhões de habitantes e gerou o que a ONU considera ser “a pior crise humanitária do mundo”.