Internacional Morre Jimmy Carter, antigo Presidente dos EUA aos 100 anos

Morre Jimmy Carter, antigo Presidente dos EUA aos 100 anos

Jimmy Carter, antigo Presidente dos Estados Unidos entre 1977 e 1981 e laureado com o Prémio Nobel da Paz, faleceu no domingo (29), aos 100 anos. 

Reconhecido pelo seu compromisso com os Direitos Humanos e pela tentativa de reconstruir a confiança dos norte-americanos após o escândalo Watergate, Carter deixa um legado marcado tanto por realizações quanto por desafios.

Uma trajectória singular

Nascido como James Earl “Jimmy” Carter numa pequena cidade no sudoeste da Geórgia, com cerca de 700 habitantes, o futuro líder saiu de Plains para se tornar uma figura nacional. Antes de ascender à Presidência, serviu como governador da Geórgia de 1971 a 1975, num período de grande agitação política e social nos Estados Unidos.

A sua candidatura presidencial surgiu como uma alternativa ao “fedor político” de Washington, na sequência da demissão de Richard Nixon devido ao escândalo Watergate. Nixon foi perdoado pelo seu sucessor republicano, Gerald Ford, o que impulsionou Carter, um democrata, a vencer as eleições de 1976, prometendo um novo começo para o país.

Presidência e desafios

Jimmy Carter assumiu o cargo numa época de grandes mudanças globais e internas. Durante a sua administração, priorizou a redução dos gastos com a Defesa, marcadamente elevados durante a Guerra do Vietname, e tentou limitar as actividades da CIA. Estas medidas atraíram tanto apoiantes quanto críticos, especialmente entre os conservadores fiscais que apreciaram os seus esforços para conter o desperdício governamental.

Recomendado para si:  STF reabre inquérito contra Jair Bolsonaro por suposta interferência na Polícia Federal

No âmbito das relações internacionais, Carter enfrentou desafios significativos. A sua relação com o Xá do Irão, Reza Pahlavi, foi um dos factores mais controversos do seu mandato. Em Novembro de 1977, recebeu o Xá numa visita de Estado, gerando protestos tanto no Irão quanto nos Estados Unidos. Estes episódios, somados à Revolução Iraniana e à subsequente crise dos reféns, contribuíram para o enfraquecimento da sua popularidade e para a sua derrota eleitoral em 1980.

Apesar dos desafios, Carter alcançou marcos históricos, incluindo ser o primeiro Presidente dos Estados Unidos a visitar a África Subsaariana, reforçando o seu compromisso com os Direitos Humanos a nível global.

Um legado de paz e serviço

Após deixar a Casa Branca, Carter dedicou-se a causas humanitárias, consolidando a sua reputação como um líder dedicado à paz e ao bem-estar global. Em 2002, foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz pelos seus esforços na resolução de conflitos internacionais e na promoção dos Direitos Humanos.

Jimmy Carter será lembrado não apenas como um Presidente, mas como um estadista e humanitário, cujo impacto transcendeu o seu tempo no cargo, deixando um legado duradouro para os Estados Unidos e o mundo.