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Moçambique nega desvio de 24 milhões de euros destinados ao combate à Covid-19

A Ministra do Género, Criança e Ação Social de Moçambique refutou as alegações de desvio de mais de 24 milhões de euros dos fundos destinados à prevenção e combate à Covid-19 em 2021 no Instituto Nacional de Ação Social (INAS).

“Não houve desvio de fundos nenhuns no INAS. Nós conseguimos abranger 1,7 milhões de famílias quando aconteceu a Covid-19”, afirmou Nyeleti Mondlane, durante um evento público, conforme citado pela comunicação social no domingo.

A controvérsia surgiu devido a uma auditoria do Tribunal Administrativo de Moçambique que revelou um desvio equivalente a mais de 24 milhões de euros nos fundos desembolsados pelo Estado em 2021 para prevenção e mitigação da pandemia de Covid-19.

O relatório de auditoria, ao qual a Lusa teve acesso em dezembro, indicou que o INAS, uma instituição pública tutelada pelo Ministério do Género, Criança e Ação Social, gastou cerca de 1,71 mil milhões de meticais (24,2 milhões de euros). O documento apontou a ausência de evidências da contraprestação dos serviços contratados, caracterizando tal situação como desvio de fundos.

Embora a ministra não tenha fornecido detalhes específicos sobre a aplicação dos fundos, ela enfatizou que o montante foi direcionado às famílias mais vulneráveis. Qualquer comentário adicional sobre o caso foi remetido para o Ministério da Economia e Finanças.

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A auditoria também identificou pagamentos indevidos superiores a 78,6 milhões de meticais (1,1 milhões de euros) e despesas não elegíveis de 25 milhões de meticais (354 mil euros). O Tribunal Administrativo destacou ainda contratos não submetidos à fiscalização prévia, irregularidades na contratação e falta de documentos justificativos de despesas.

O relatório sublinha que as “deficiências” no controle e gestão dos fundos contribuíram para distorções materiais nas Demonstrações Financeiras, destacando a “comunicação deficitária” em relação à finalidade dos desembolsos e a falta de mecanismos eficazes para garantir a conformidade com as regras de ‘procurement’ e especificações técnicas.

O documento contextualiza a solicitação de empréstimo ao Fundo Monetário Internacional e apoio aos parceiros de cooperação para cobrir as necessidades de um “plano de necessidades” orçado em 700 milhões de dólares, destinados à prevenção e tratamento, apoio ao Orçamento do Estado, transferências às famílias e micro-negócios.