Internacional Milhares de pessoas fogem de campo de refugiados após grande ataque israelita

Milhares de pessoas fogem de campo de refugiados após grande ataque israelita

O ataque em grande escala de Israel à cidade palestiniana de Jenin, descrito como o maior dos últimos 20 anos na Cisjordânia, levou à fuga de milhares de pessoas de um campo de refugiados.

A operação israelita começou na madrugada de segunda-feira e tem como alvo um posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, localizado dentro do campo.

“Até agora, cerca de três mil pessoas deixaram o campo”, avançou esta terça-feira o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub, à agência AFP. Agora, esses refugiados deverão receber abrigo em escolas e outras instalações temporárias na cidade.

Organizações não-governamentais preveem que o número de deslocados continue a aumentar, já que a operação de Israel poderá arrastar-se por vários dias. No total, o campo abriga entre 12 mil a 18 mil pessoas.

De acordo com o Ministério da Saúde da Palestina, contam-se já dez vítimas mortais – entre as quais três menores – e uma centena de feridos, 20 deles em estado crítico, desde que Israel lançou o ataque com drones e explosivos em Jenin.

A agência da ONU para os refugiados palestinianos disse entretanto que muitos dos residentes que permanecem no campo precisam de comida, água potável e fórmula para bebés.

Médicos impedidos de entrar no campo

As Nações Unidas expressaram ainda consternação para com a dimensão dos ataques, enquanto a Organização Mundial da Saúde alertou para a falta de acesso a cuidados médicos.

“Estamos alarmados com a escala da operação aérea e terrestre em Jenin, na Cisjordânia ocupada, e sabemos que os ataques aéreos estão a atingir uma área densamente populada do campo de refugiados”, disse Vanessa Huguenin, porta-voz do gabinete humanitário da ONU.

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“Os prestadores de cuidados de saúde foram impedidos de entrar no campo de refugiados, incluindo os que queriam auxiliar feridos em estado crítico”, lamentou por sua vez um porta-voz da OMS.

A ONG Médicos sem Fronteiras acrescentou que os tanques dos militares israelitas destruíram estradas de acesso ao campo, tornando impossível às ambulâncias chegares aos pacientes. “Os paramédicos palestinianos foram forçados a seguir a pé, numa área com combates ativos e ataques de drones”, alertou.

Alvo é posto de comando da Brigada de Jenin

O Governo israelita enviou para Jenin entre mil a dois mil militares. O alvo, dizem as Forças de Defesa do país, é um grande posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, situado no interior do campo de refugiados, junto a duas escolas e um centro médico.

É também neste campo que se encontram centenas de membros dos movimentos Hamas, Jihad Islâmica e Fatah, possuindo armas e um crescente arsenal de explosivos.A Brigada de Jenin, composta por membros de diferentes fações, tem sido culpada por Israel por ataques terroristas contra cidadãos israelitas.

Israel justificou o ataque com objetivo de “quebrar a mentalidade de que o campo de refugiados é um porto seguro, quando na verdade se tornou um ninho de vespas”.

O campo de Jenin foi criado nos anos 1950 para abrigar refugiados que deixaram as suas casas em 1948, após a criação do Estado israelita. É, por isso, visto por palestinianos como um símbolo de resistência ao regime.