“As novas tarifas estão elevadas, que a ATABE [Associação dos Transportadores da Beira] fixasse em 12 meticais e não 15 meticais”, afirmou à Lusa Florinda Fernandes.
Florinda Fernandes referiu que, com o aumento da tarifa, tem de gastar 60 meticais, por dia, sendo 30 para si e outros tantos para o filho, que deve pagar o bilhete de viagem para a escola.
Além da deslocação para a escola, o filho ainda tem de suportar custos de material escolar, elevando as despesas na família.
Delfim Inácio, que aguardava por um transporte na paragem da Shoprite, na Beira, disse ter sido surpreendido com a entrada em vigor dos novos preços de “chapa”.
Não se sente em condições de de desembolsar 18 meticais de bilhete que passa a pagar no seu trajeto.
“Mesmo se tivesse tomado conhecimento sobre as novas tarifas, não estou em condições de pagar 18 meticais, tenho 13 meticais e julgo que terei que caminhar a pé para Manganhe”, declarou.
Para Nicolau Elias, passageiro que faz com regularidade o trajecto Macúti-Baixa da cidade, o aumento do preço dos “chapas” é bem-vindo, na medida em que vem compensar os custos dos combustíveis.
“Acho que não se devia reclamar, porque os combustíveis subiram bastante. Para mim, o aumento dos ´chapas` é justo, pois permitirá que os transportadores ganhem um pouco. O preço de 15 meticais é razoável, no lugar de termos a paralisação dos transportes”, disse Elias.
Alguns condutores dos transportes coletivos disseram que as novas tarifas “afugentaram” passageiros.
Timóteo Njanze, motorista que faz a rota Baixa da Cidade-Macúti, referiu que o número de utentes reduziu significativamente, devido ao novo preço do bilhete.
“Muitos passageiros decidiram acordar cedo e caminhar a pé até aos seus destinos, deixando o pouco dinheiro que tinham para que os seus filhos tomassem “chapas” para a escola. A vida está difícil, nós percebemos, mas os combustíveis estão igualmente caros”, assinalou.
António Marques, transportador que faz a rota Maquinino — Passagem de Nível, fez saber que o primeiro dia das novas tarifas não foi bem recebido por parte dos passageiros, tendo muitos murmurado, quando tiveram de pagar 18 meticais de passagem contra 13 meticais anteriores.
“Os passageiros vão-se habituar com o andar do tempo, mas a verdade é que muitos preferiram outros meios. O movimento foi fraco, se comparado a outras segundas-feiras”, disse Marques.
Há duas semanas, a Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários (Fematro) pediu ao Governo um mecanismo de reajustamento automático do preço de transporte, visando acabar com a incerteza em relação à fixação da tarifa e à viabilidade da atividade.
A proposta da Fematro surgiu na sequência de uma paralisação espontânea de transporte público movida pelos “chapeiros”, furgões de transporte de passageiros, na cidade e província de Maputo, devido ao novo aumento do preço dos combustíveis.
O Ministério dos Transportes e Comunicações prometeu compensações e subsídios aos transportadores para mitigar o impacto do aumento dos preços dos combustíveis no país.