Marisa Letícia, mulher do antigo presidente do Brasil, Lula da Silva, e o filho mais velho do casal, Fábio Luiz Lula da Silva, foram intimados pela Polícia Federal, no âmbito de um dos inquéritos complementares à Operação Lava Jato que investigam crime de tráfico de influência alegadamente praticado pelo antigo governante.
A intimação foi determinada pelo inspector federal Márcio Adriano Anselmo, que investiga a propriedade de campo em Atibaia, a 90 quilómetros de São Paulo, que o Ministério Público atribui a Lula, mas este não reconhece como sua.
A polícia quer que a mulher e o filho de Lula expliquem como estiveram 111 vezes nos últimos quatro anos numa propriedade que dizem ser de amigos, comandando pessoalmente obras que obedeceram aos desejos de Marisa Letícia e de Lula.
As alterações na propriedade custaram 342 mil euros (cerca de 26 milhões de meticais), e, de acordo com o Ministério Público, tudo foi pago por duas construtoras envolvidas nos desvios na Petrobras que a Lava Jato apura (a Odebrecht e a OAS), como pagamento a Lula por favores indevidos.
O chefe da investigação também determinou a realização de uma perícia por técnicos da Polícia Federal para se apurar se as pessoas que se assumem como verdadeiros donos da propriedade teriam condições financeiras para adquiri-la e fazer obras tão avultadas.
No papel, a propriedade está em nome de dois amigos de Lula, Fernando Bittar e Jonas Soassuna. Testemunhas já ouvidas pela polícia garantem que tudo foi pago pelas duas construtoras e que nenhum dos supostos donos da propriedade, apesar de constarem na escritura, foram vistos lá se envolveram nas obras.
Um engenheiro de uma das construtoras confirmou à polícia que Marisa e Lula comandaram pessoalmente o andamento das melhorias e chegaram a discutir de forma acesa à frente dos trabalhadores por não concordarem um com o outro sobre vários detalhes.
Além de ser suspeito de tráfico de influência, Lula pode ser ainda acusado de ocultação de património, pois não declarou a propriedade na sua declaração de bens. Ele também enfrenta um outro processo semelhante por alegadamente ser proprietário de um apartamento triplex numa praia de São Paulo (que está em nome da OAS) e que lhe foi dado como pagamento por favores ilícitos feitos à construtora.
Correio da Manhã