O antigo Chefe de Estado moçambicano Joaquim Chissano abordou pela primeira vez, a questão das alas (uma ligada a si outra a de Armando Guebuza que neste momento controla o partido) dentro do partido no poder, que veio ao de cima durante o último Comité Central que elegeu o candidato da Frelimo e o novo Secretário-Geral. Chissano admite que existam tais alas, mas diz que não faz parte de nenhuma delas, porque é um “homem que se guia com base em ideias e não grupos”.
Numa longa entrevista que concedeu a estação televisiva STV e que foi ao ar na noite desta terça-feira, Chissano no seu jeito “diplomático” disse que não há mal-estar entre ele e Armando Guebuza.
“Pode ser que haja alas, mas essas alas, é bom que não se pense que eu sou parte dessas alas. Nem da chamada ala Chissano que supostamente tem gente orquestrada por Chissano. Cada um pode ter a sua preferência. Como se diz sempre Chissano era bom, Chissano era aquilo. Não há nenhuma animosidade entre eu e Armando Guebuza para se formarem alas. Eu sou um indivíduo que se dirige pela reflexão sobre as matérias, sobre assuntos e não sobre grupos. Eu não pertenço a nenhuma ala” disse Chissano.
Sobre as suas preferências em relação aos pré-candidatos Chissano não falou muito, tendo apenas aconselhado Filipe Nyussi a “trabalhar mais e ouvir as pessoas”.
Em relação a Luísa Diogo, que era apontada como sua preferência entre os pré-candidatos, Chissano só repetiu uma frase muito referida pelo público. “Diz-se que Chissano ficou triste porque a Luísa Diogo não passou. Bom, eu não sei”, ironizou.
O ex estadista moçambicano também falou do actual espectro de guerra civil que se vive no centro do País, 21 anos depois. Disse que no seu “consulado” conseguiu manter a paz dialogando e ouvindo todas as forças vivas da sociedade. “Conseguimos manter a paz dialogando. Não só com a Renamo, mas com todas as forças vivas da sociedade. E havia força de vontade de toda a nossa sociedade. É esse o caminho que se deve seguir” disse.