A ministra da Justiça, Benvinda Levi, esteve semana finda na Assembleia da República (AR) para explicar o ponto de situação do escândalo financeiro do Tribunal Administrativo (TA) despoletado em Agosto por uma auditoria externa. A auditoria detectou um buraco financeiro de cerca de 170 milhões de meticais em esquemas usados pelos juízes que incluía despesismo exacerbado. Por exemplo, um dos juízes chegou a comprar com dinheiro público uma máquina de barbear equivalente a cinco salários mínimos. Outros juízes gastaram só de internet móvel em seus celulares, IPADS e outros dispositivos móveis cerca de 200 mil meticais num único mês. Isso para além de se auto-contratarem como consultores para ficarem com os fundos da instituição.
A bancada parlamentar da Renamo escreveu ao Governo solicitando esclarecimentos ao Ministério da Justiça. A ministra da Justiça simplesmente minimizou o escândalo e diz que a auditoria detectou “algumas irregularidades” e acusou a Imprensa de trazer “informações incompletas”.
Benvinda Levi diz que após a informação ter vindo a público, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu uma informação “exaustiva” ao Tribunal Administrativo. O TA entregou, segundo a ministra, a referida informação, mas até aqui “a PGR ainda não se pronunciou”.
Segundo Benvinda Levi, as irregularidades detectadas na auditoria feita pela Deloitte & Touche não constituem “desvio de fundos”, daí que os parceiros continuaram a desembolsar os fundos para o funcionamento do TA, dentro dos prazos. De acordo com a titular da pasta da Justiça, a continuação dos desembolsos por parte dos doadores é um sinal claro que há confiança no Tribunal Administrativo.