A Renamo cumpriu com a sua promessa de não retomar o diálogo com Governo, caso este não aceitasse a participação dos facilitadores nacionais, jornalistas e observadores internacionais. Nesta segunda-feira, que estava prevista a realização da XXIV ronda, a Renamo abandonou a sala, exigindo que a delegação do Governo aceitasse chamar para a sala os facilitadores Dom Dinis Sengulane e o professor Lourenço do Rosário, bem como os jornalistas, a fim de “ouvirem o que se está a discutir e como está a ser discutido”.
Quando eram 10 horas, uma hora depois da hora habitual do início do diálogo, quase sem a presença dos jornalistas, as delegações já se encontravam fora da sala.
A Renamo, que prometeu voltar na próxima segunda-feira para prosseguir com diálogo, diz que não haverá nenhuma conversa se o Governo não aceitar essas suas exigências.
Na XXIII ronda de diálogo, realizada na semana passada, as partes saíram do encontro sem nenhum acordo político em torno da legislação eleitoral, mormente os princípios de paridade nos órgãos eleitorais a todos os níveis.
Tal como aconteceu nas rondas anteriores, o impasse voltou a prevalecer com a Renamo através do chefe da sua delegação, Saimone Macuiana, a dizer à saída do encontro que o seu partido iria romper o diálogo com o executivo, caso este não aceite a presença dos facilitadores nacionais, observadores internacionais e de jornalistas nas conversações em curso.
Por sua vez, o Governo, através do ministro da Agricultura, José Pacheco, sempre recusou as exigências e ameaças da Renamo, argumentando que não é preciso a presença de facilitadores nacionais e observadores internacionais ao diálogo “porque acreditamos que nós como moçambicanos temos capacidades de resolver os nossos problemas sem a interferência de outros”.
A Renamo não quer avançar para a discussão de outras matérias constantes da agenda antes do desfecho do primeiro ponto referente à legislação eleitoral.
Peritos militares cada vez mais longe
Ainda não estão presentes neste diálogo os peritos em questões militares e de defesa e segurança, apesar de já estarem constituídas as respectivas comissões em ambas as partes. Com o rompimento de diálogo a efectivar-se, parece cada vez mais remota a possibilidade da chegada dos peritos.
A Renamo argumenta que este ponto faz parte do número 2 da agenda do diálogo referente à matéria de Defesa e Segurança, que só pode ser discutido depois de ultrapassado o primeiro ponto sobre a legislação eleitoral há mais de 10 rondas sem desfecho, dado que as partes têm estado a extremar as suas posições.
Enquanto os dias vão passando, e se aproxima a data das eleições autárquicas previstas para dia 20 de Novembro próximo, a tensão política vai subindo e os discursos a serem mais inflamados, dado as ameaças da Renamo de não vir a deixar que esse pleito tenha lugar.
O muito aguardado encontro entre o presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, depende do tal encontro de peritos.