Politica Greve dos médicos pode ter reflexo nas urnas

Greve dos médicos pode ter reflexo nas urnas

O Governo pode pagar um preço político bastante elevado nos próximos pleitos eleitorais, se não resolver de forma consentânea o diferendo com a classe médica. O alerta neste sentido foi manifestado pelos participantes de uma palestra subordinada ao tema “Considerações à volta da Greve dos Médicos” proferida sexta-feira, 02 de Agosto, na cidade de Quelimane, pelo presidente da Associação dos Médicos de Moçambique, Doutor Jorge Arroz.

O Governo de Moçambique não está a conseguir dirimir de forma satisfatória os pontos apresentados pela classe médica no caderno reivindicativo. Por causa disso, o povo continua a pagar um preço bastante alto nas unidades sanitárias. A falta de acolhimento das preocupações agudizou o descontentamento no seio da classe, facto que os leva a imprimir um atendimento mutilado, por vezes até antiético.

Alguns doentes graves levam várias horas para serem atendidos por negligência propositada dos profissionais de saúde devido ao referido descontentamento.

Há denúncias de existência de médicos e pessoal de apoio que cobram valores monetários para um atendimento personalizado. Os pacientes desprovidos de capacidade financeira para cobrir tais despesas médicas personalizadas ficam, por vezes, vedados ao acesso aos serviços sociais básicos de saúde. Sem alternativas de socorro, alguns permanecem por várias horas nos recintos hospitalares, aguardando por melhor atendimento médico.

O presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de Araújo, que procedeu à abertura do evento, lamentou o facto de o povo moçambicano estar a ser impedido e retirado o direito à assistência médica e medicamentosa, um direito fundamental para o homem.

“Não queremos acreditar que haja falta de dinheiro, mas, sim, de vontade política em resolver as reivindicações da classe médica, lamentamos o facto de o nosso povo estar a sofrer as consequências dessa falta de vontade”, repisou o autarca.

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No seio da classe, reina frieza e falta de moral. O facto foi despoletado a semana finda pelo presidente da Associação Médica Moçambicana, Doutor Jorge Arroz, durante a palestra que decorreu no Salão Nobre do Conselho Municipal de cidade de Quelimane.

Um dos participantes da Palestra considerou que o Governo tem dinheiro para introduzir os reajustes salariais, mas não o faz por razões que o próprio Governo é que sabe.
O orador falou de uma greve silenciosa que paira no atendimento hospitalar nas unidades sanitárias do País como um ganho da classe médica depois do período de manifestações.

“Está claro que os médicos venceram a causa, o Governo embora considere de legítimas as reivindicações ainda não as acolheu como deve ser”, libertou-se.
A greve ajudou os médicos a exteriorizar as suas dificuldades diárias, frustrações e exigências.

Após a paragem do ciclo de manifestações públicas, a classe continuou a manifestar-se de forma fria e silenciosa cujas consequências directas recaem aos doentes.
A população necessita dos cuidados sanitários de qualidade que são providenciados pelo Governo através da classe médica, actualmente insatisfeita com as políticas salariais e de funcionamento do sector. Nesta ordem de ideias, alguns participantes foram unânimes ao elucidar o possibilidade do Governo da Frelimo cair nas próximas eleições, caso não acomodem as preocupações em causa. Defendem que os médicos, querendo, podem decapitar a Frelimo, mobilizando o povo a inverter o resultado eleitoral a favor da oposição como forma de retaliar contra o executivo. Aliás, segundo referem, pode ser uma via para alcançarem as melhorias que exigem.

Canal Moz