O Conselho de Estado, o principal órgão de consulta do Presidente da República esteve ontem reunido no Gabinete do Chefe de Estado. Se o Conselho não trouxe qualquer novidade digna de relevo, acabou sendo notável a ausência do presidente da Renamo Afonso Dhlakama e de Graça Machel.
Graça Machel justificou, segundo o porta-voz da presidência da República Edson Macuácua, atempadamente a sua ausência. Recorde-se que o seu esposo Nelson Mandela está a atravessar uma situação crítica de saúde.
Afonso Dhlakama que ainda não tomou posse não justificou a sua ausência, mas é público que o mesmo chefe de Estado que o convidou, ordenou tropas da FIR e das FADM para cercar local onde reside o líder da Renamo. Mais: o presidente da Renamo, ainda nem sequer tomou posse como membro do Conselho de Estado, na qualidade de candidato mais votado. Há muito que Dhlakama disse que não iria participar de reuniões de Conselho de Estado em função de ilícitos eleitorais que não foram sanados desde as últimas eleições. Aliás a Renamo esteve desta vez representada pelo seu membro o controverso deputado António Muchanga que tratou de explicar aos jornalistas que Dhlakama não veio a reunião porque é público que ele não aceitou os resultados eleitorais devido a uma série de irregularidades pontualmente levantadas mas ignoradas pelos órgãos competentes.
A reunião tinha como agenda, a discussão sobre a data das eleições gerais, legislativas e das assembleias provinciais, e do actual cenário político-militar que se vive no País. Dos dois pontos nada de relevo saiu da reunião. Não foi marcada a data das eleições e na situação político-militar tudo reduziu-se a apelos a paz e ao diálogo, assunto que de resto tem sido repetido várias vezes, mas que na prática nada acontece, tal como atestam as infrutíferas negociações que decorrem no Centro de Conferência Joaquim Chissano. Em relação a data das eleições, o porta-voz da presidência da República disse que o Chefe de Estado irá anuncia-la “oportunamente”! Os conselheiros apelaram ao Chefe do Estado a cumprir com as datas. Lembre que por uma distracção grave, o Chefe de Estado não marcou a data das eleições e foi obrigado a mandar alterar a Lei para acomodar a distracção.
Canal Moz