Economia Agricultura Burla de sementes continua a prejudicar produção agrícola em Moçambique – especialistas

Burla de sementes continua a prejudicar produção agrícola em Moçambique – especialistas

A falsificação de sementes, sobretudo de milho, continua a “prejudicar camponeses” moçambicanos ao não conseguirem atingir níveis recomendados de rendimento por hectare, disse hoje fonte oficial.

David Mariote, investigador de semente de milho no Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) na região centro do país, disse que espanta a instituição o facto de os resultados das suas investigações serem altos, mas os rendimentos no sector produtivo se revelarem ainda muito baixos.

“Nós achamos que o rendimento observado no sector produtivo é baixo, o que indica que o camponês ainda precisa de semente de qualidade”, precisou David Mariote, assegurando ser necessário apelar à consciência das empresas produtoras de sementes para evitarem a “desgraça no camponês”.

“Libertamos sementes com rendimento até cinco toneladas/hectare, e esperamos que o produtor tenha 2,5, 2,1 ou 1,9 toneladas/hectare, mas esta proporção anda agora em 0,9. Por isso ficamos preocupados”, disse David Mariote, que estranha o facto de as sementes libertadas em Moçambique estarem a fazer muito sucesso nos países vizinhos, como o Malawi e a Tanzania.

O IIAM e os seus parceiros reuniram investigadores nacionais e estrangeiros, empresas produtoras de sementes, camponeses e instituições de inspecção em Chimoio para defender que nas próximas épocas agrárias seja garantida semente de qualidade e aumento de rendimento para o sector produtivo.

“Os camponeses reclamam quando a semente chega lá e já não tem um poder germinativo, então o treinamento é para garantir que as empresas de semente saibam o que devem entregar ao camponês, para que [este] receba semente de boa qualidade e que melhore a sua produção. Para que todos saibam distinguir o grão da semente, ou seja, grão como matéria morta e semente matéria viva”, explicou David Mariote, após visitas a campos de produção e processamento de sementes.

Peter Setimela, investigador no Centro Internacional de Melhoramento de milho e trigo (CIMMYT, sigla em inglês), disse que a inexperiência e falta de competitividade entre as empresas de produção de sementes em Moçambique continua a impedir que o camponês tenha acesso a semente certificada e de qualidade.

“Em Moçambique há poucas empresas de produção de semente quando comparado com a África do Sul e o Zimbabwe, e isso faz com que não haja maior competitividade para garantir semente de qualidade ao camponês, sendo este o destinatário final”, disse o zimbabweano.

Entretanto, Manuel Bacicolo, inspector no Serviço Nacional de Semente, no laboratório regional centro, disse que a instituição tem estado a reforçar o controlo da qualidade de semente que chega aos camponeses.

A fiscalização, disse, passa pelo exame dos planos de produção das empresas autorizadas para multiplicação de sementes, além do teste final da semente antes de ser alocada aos campos dos produtores.

Contudo, representantes de várias empresas de produção de semente admitem a redução de burla de semente, o que se poderá reflectir no melhoramento do rendimento dos agricultores.

RM