De Janeiro do presente ano a esta parte nove corpos foram abandonados na morgue daquela unidade sanitária que à semelhança da cidade está a enfrentar dificuldades de fornecimento de energia eléctrica de qualidade, o que concorre para a rápida degradação dos mesmos.
No ano passado as autoridades sanitárias de Nacala-Porto registaram o abandono de 11 corpos pelos respectivos familiares. Chale Ossufo, edil do município daquela cidade, teme que o fenómeno possa generalizar-se e pode estar relacionado com dificuldades financeiras para custear as despesas relacionadas com os funerais por parte dos parentes dos perecidos.
O hospital distrital de Nacala, com capacidade de internamento de mais de 100 pacientes, assiste as populações locais, bem assim dos distritos limítrofes, nomeadamente Nacala-a-Velha, Memba, Mossuril e Monapo.
No entanto, tal como a região onde se encontra, o hospital distrital de Nacala-Porto enfrenta dificuldades para garantir o normal funcionamento das mais diversos serviços como é o caso da morgue, que tem a capacidade para conservação simultânea de nove corpos, em razão da fraca qualidade da energia eléctrica que é fornecida pela Electricidade de Moçambique, concorrendo para a rápida degradação dos corpos quando os equipamentos de frio ficam temporariamente fora de serviço.
Chale Ossufo lamentou o facto de alguns corpos serem levados a vala comum num estado em que não é possível garantir um dos requisitos que faz parte dos hábitos das comunidades locais, ou seja o banho seguido do uso das roupas consideradas adequadas, por se encontrar em estado de decomposição avançada.
A edilidade de Nacala-Porto, segundo o respectivo presidente, vai propor a direcção do hospital distrital, que dispõe de uma infra-estrutura imponente cuja construção consumiu cerca de seis milhões de dólares norte-americanos, para a redução do tempo de espera para reclamação dos corpos de cinco para três dias porque, na sua óptica, vai prevenir situações relacionadas com a sua decomposição enquanto se espera pela chegada dos parentes.
A associação muçulmana de Nacala-Porto trabalha incondicionalmente com edilidade de Nacala no que tange a ajuda para sepultura de corpos abandonados no hospital distrital. “Nós garantimos vestuário para vestir os corpos, incluindo alguns produtos alimentares para servir as pessoas voluntárias para participar no acto dos enterros. É um esforço para que o defunto tenha um funeral condigno”- concluiu Chale Ossufo.