O administrador do distrito de Memba, na província de Nampula, Manuel Cintura, afirmou que, apesar do pânico ainda presente entre os residentes após os ataques terroristas ocorridos nos dias 30 de Setembro e 3 de Outubro, “algumas pessoas estão a regressar timidamente às suas áreas de origem”.
Os ataques perpetrados contra os postos administrativos de Lúrio e Chipene resultaram na destruição de 51 habitações, uma igreja e uma escola primária. Manuel Cintura revelou que, embora uma parte da população esteja a retornar, muitos ainda evitam dormir nas suas casas devido ao receio de novos ataques.
O administrador destacou também que cidadãos de Memba estão entre os grupos armados que têm realizado ataques, em virtude dos laços históricos da população com comunidades piscatórias em regiões anteriormente ocupadas por insurgentes da vizinha província de Cabo Delgado.
Desde 2017, as incursões terroristas têm sido frequentes em Cabo Delgado, mas a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou para a propagação da violência para outras regiões, particularmente Nampula. Nos últimos 15 dias, 40.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas em Cabo Delgado e Nampula devido a ataques jihadistas.
Num comunicado, a Direcção-Geral para a Protecção Civil e Operações de Ajuda Humanitária da União Europeia (ECHO) manifestou preocupação com a violência que se tem verificado em Memba, incluindo sequestros e ataques a infraestruturas civis e públicas. “Os ataques em Nampula representam uma preocupante expansão do conflito de Cabo Delgado, evidenciando a capacidade crescente de grupos armados não estatais para realizar ataques simultâneos e menos previsíveis”, pode ler-se no documento.
Além disso, as Nações Unidas reportam que, pela primeira vez, todos os 17 distritos de Cabo Delgado foram afectados pelo conflito, deslocando 1,3 milhões de pessoas, muitas delas repetidamente, desde o início do conflito.