O governo moçambicano anunciou a criação de equipas multissetoriais com o objectivo de recolher motobombas e outros instrumentos utilizados por garimpeiros na extracção de ouro, especialmente ao longo das margens dos rios na província de Manica.
As equipas iniciarão o seu trabalho no distrito de Vanduzi, onde, numa fase inicial, realizarão campanhas de sensibilização dirigidas aos garimpeiros que operam nas margens do rio Púnguè e seus afluentes.
Recentemente, as autoridades notificaram gestores de empresas mineiras sobre a suspensão total da mineração na província, uma decisão tomada pelo governo em meados de Setembro. Esta suspensão aplica-se tanto à mineração semi-industrial como à artesanal e foi estabelecida durante uma reunião do Conselho de Ministros.
A medida visa combater a poluição das águas, um problema sério que afecta também a albufeira de Chicamba, uma importante fonte de água potável para as cidades de Chimoio e Manica, bem como para as localidades de Gondola, Messica e Bandula. Estudos realizados por instituições de ensino superior revelaram a presença de mercúrio e cianeto nos rios, substâncias nocivas à saúde pública.
O governo considera a poluição hídrica e a degradação dos solos como crimes ambientais, o que justifica a necessidade urgente de interromper qualquer actividade mineradora prejudicial ao meio-ambiente. Contudo, as equipas de monitoramento identificaram empresas que continuam a explorar ouro clandestinamente, mesmo após a suspensão. Recentemente, cidadãos de nacionalidade chinesa foram detidos em flagrante por extracção ilegal de ouro no distrito de Manica e, após alguns dias, foram libertados sob termo de identidade e residência.
As equipas constataram igualmente a persistência de garimpeiros nacionais a explorarem ouro durante a noite nas margens dos rios. Um membro da equipa multissetorial, que preferiu manter o anonimato, referiu que a recolha de motobombas e equipamentos usados pelos garimpeiros está a ser realizada ao longo do rio Púnguè, com planos de expansão para os distritos de Manica e Sussundenga, onde a mineração artesanal é mais prevalente.
“Estamos a trabalhar em Vanduzi e iremos prosseguir para outros distritos. Iniciámos campanhas de sensibilização, mas a exploração ainda persiste de outras formas. O governo está a recolher o material utilizado como forma de desencorajar esta prática e a poluição dos rios”, explicou a fonte.
Em menos de dois dias de operação, as equipas já recolheram cerca de dez motobombas e outros instrumentos, enquanto dialogam com os garimpeiros sobre a importância da medida governamental. No distrito de Manica, mais de 30 empresas estão envolvidas na extração de ouro, todas já a cumprir a suspensão decretada. Apesar de o garimpo artesanal estar paralisado, ainda existem focos de exploração clandestina.