Datada de 9 de Março do ano em curso, a procuração foi assinada em Maputo durante as cerimónias fúnebres do taxista, na qual o seu pai, Jossefa Macia, autoriza que seja o escritório de advogados Jurgens Bekker Attorney a representar a família em todos os fóruns judiciais e civis na África do Sul.
Por essa razão, os advogados da Jurgens Bekker Attorney, entidade que elaborou e mandou Jossefa Macia assinar a procuração, reclama agora o afastamento do advogado José Nascimento, indicado pelo Governo moçambicano para assistir a família do malogrado taxista.
“Peço encarecidamente ao Governo que me ajude a anular estes papéis todos que assinei. Fi-lo sem explicação clara do que estava a assinar. Nenhuma das pessoas explicou-me sobre o que eu estava a assinar. Tudo decorreu no funeral do meu filho e eu não estava em consciência nem discernimento para decidir algo com responsabilidade. Todos os documentos vinham em Inglês e não pude perceber de nada. Disseram-me apenas que era para assinar como forma de me ajudarem, sem no entanto clarificar o tipo de ajuda. Ninguém me disse que era para serem meus advogados, coisa que não teria aceite, porque o Governo já me tinha dado assistência” – disse Macia.
Enquanto isso, o Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, assegurou esta semana que o Governo vai continuar a prestar todo o tipo de apoio que for necessário à família Macia, desmentindo categoricamente informações postas a circular, segundo as quais o Executivo estaria a pressionar a família a retirar queixa contra as autoridades sul-africanas para resolver a questão fora dos tribunais.
Numa das suas passagens o documento assinando pelo pai do taxista a que o “Notícias” teve acesso indica que os advogados estão credenciados para, entre vários aspectos, intentar uma acção judicial contra o Governo sul-africano e o ministro da Polícia, para que paguem as correspondentes indemnizações pela morte de Mido Macia.
“Confirmamos que todas as despesas para a execução destes mandatos em todos os fóruns serão da conta – despesa – da família Macia. A firma de advogados Jurgens Bekker Attorney vai cobrar os custos e indemnizações ao Governo sul-africano e ao ministro da Polícia” – indica parte da procuração.
Mais adiante, a mesma documentação refere o seguinte: “confirmo que estou de acordo com os termos e condições do mandato, onde a família confere todos poderes à firma JBA a agir com plenos direitos e poderes na defesa dos nossos interesses. Os advogados da firma são os únicos mandatários da família Macia”.
Segundo apurámos de fontes seguras, este escritório de advogados teria sido contactado por uma cidadã sul-africana, pessoa que durante a vida do finado cedeu parte do seu quintal para que este instalasse a casa onde vivia. Por essa razão ela se julga no direito de assumir parte das responsabilidades da família sem que tivesse recebido alguma indicação nesse sentido.