A INCB diz que Moçambique tem surgido como o ponto central do trânsito de drogas ilícitas, como resina de canábis, cocaína e heroína destinadas à Europa, e de metaqualona (um medicamento sedativo e hipnótico, Mandrax) para a África do Sul.
Segundo a agência da ONU, o nosso país também é apontado como ponto de passagem para o tráfico de metanfetaminas em África e outras regiões.
No âmbito dos esforços de combate ao tráfico de drogas, em 2011, as autoridades moçambicanas apreenderam 41 quilos de efedrina e em 2012 foi suspenso um carregamento de 1.970 quilos de 1-fenil-2-propanona que vinha da Índia e não tinha a autorização necessária.
Em 2011, as autoridades moçambicanas apreenderam 12 remessas de cocaína no Aeroporto Internacional de Maputo, num total de 65 quilos, que vinha da Índia e que já havia passado pela Etiópia, reconhece a ONU.
O relatório da INCB adianta que a Guiné-Bissau figura na lista dos países lusófonos que apresentam problemas mais sérios com o tráfico de drogas. A África Ocidental, nos últimos dez anos, tem sido a porta de entrada da cocaína da América do Sul com destino à Europa, mas desde 2007 o seu peso tem vindo a diminuir até porque o tráfico de droga continua a usar o circuito de contentores, a partir do Brasil.
No entanto, o relatório indica que o golpe de Estado na Guiné-Bissau em Abril de 2012 provocou mudanças que podem afectar a luta contra o tráfico de drogas naquela zona do mundo, devido à instabilidade do país. Segundo o INCB, a Guiné-Bissau tem atraído mais a atenção dos traficantes, constituindo já o centro do comércio da cocaína nesta sub-região.
O Escritório das Nações Unidas para as Drogas e Crimes (UNDOC) presta assistência aos países sobre os problemas do consumo e o combate do tráfico de drogas através dos seus programas nacionais.
Cabo Verde, outro país lusófono, actualizou o seu programa nacional de fiscalização de drogas em 2012, mas a execução do programa análogo na Guiné-Bissau foi suspenso em consequência do golpe de Estado. Uma quantidade considerável de cocaína é também transportada da África Ocidental para a África do Sul, seja directamente ou através de Angola ou da Namíbia.
Já no Brasil, as autoridades têm aumentado os recursos gastos na luta contra o narcotráfico e os programas de prevenção, reconheceu a INCB citada pela imprensa lisboeta.
“Ainda que o Brasil permaneça como um dos principais países de trânsito da cocaína produzida nos países vizinhos (Bolívia, Peru, Colômbia), o INCB constatou que o Governo adoptou medidas importantes para fortalecer sua capacidade de fazer cumprir as leis, em particular com a implantação de aeronaves de vigilância teledirigidas, scanners de contentores e o estabelecimento de um laboratório de análises de drogas”, referiu o relatório.
A agência indicou o investimento nos programas de prevenção no consumo de drogas e a criação de uma rede de tratamento e reabilitação, recomendando ao país a extensão destes programas à população carcerária.