Doze anos depois de terem recolhido à cadeia, e posteriormente terem sido condenados pelos tribunais pelo assassinato do jornalista Carlos Cardoso, quatro dos 06 condenados vão sair em liberdade condicional.
A 24 de Janeiro passado foi Vicente Ramaya que saiu em liberdade condicional e esta manhã deverá sair Ayob Satar irmão de Nini Satar.
Há informação não confirmada de que Manuel dos Anjos Fernandes (Escurinho) e Carlitos Rachid já saíram na passada sexta-feira. Estes foram os condenados como assassinos. Outros foram condenados como mandantes da liquidação física do jornalista Carlos Cardoso a 22 de Novembro de 2000.
Segundo fontes, `Escurinho´ e Carlitos Rachid teriam sido soltos na sexta-feira às 5 horas da tarde, mas tentámos confirmar, sem sucesso, esta informação. Seja como for, se não foram soltos, se-lo-ão hoje juntamente com Ayob Satar. Assim, permanecerão na cadeia Abdul (Nini) Satar e Anibal (Anibalzinho) dos Santos Júnior.
Nini completa a metade da pena em Maio próximo e será o próximo a sair em liberdade condicional, caso lhe seja concedida pelo juiz. A Procuradoria Geral da República protestou quando foi Ramaya beneficiou há dias de liberdade condicional.
O próprio Ministério da Justiça ao mais alto nível anda preocupado com o facto dos juízes estarem a conceder liberdade condicional a este grupo de condenados sobre alguns dos quais ainda há outros processos que não transitaram em julgado.
Um mal-estar está a ser causado em certos quadrantes da sociedade pelo facto de os condenados não terem indemnizado a família Cardoso, mas estarem a sair agora em liberdade condicional, só que isso, do ponto de vista legal, não impede que saiam em liberdade condicional depois de cumprida a metade das penas.
Todos os condenados foram sentenciados ao pagamento de uma indemnização de 14 mil milhões de meticais à família de Carlos Cardoso por danos morais e materiais, bem como 800 mil meticais de imposto de justiça. Os réus foram ainda condenados a pagar 500 mil milhões de meticais a Carlos Manjate, motorista que tinha sido gravemente ferido quando conduzia a viatura em que Carlos Cardoso viajava. Este valor também ainda não foi pago.
Carlos Cardoso, jornalista moçambicano e fundador e editor do jornal Metical, foi assassinado a 22 de Novembro de 2000, supostamente por estar a investigar e a publicar dados sobre o desvio de 144 milhões de meticais no Banco Comercial de Moçambique (BCM) que veio a falir por essa razão.
O filho do ex-Presidente da República, Nyimpine Chissano, foi arguido num processo autónomo no caso de assassinato de Carlos Cardoso, mas morreu antes de ir a julgamento. O seu nome foi dos mais referenciados pelos autores confessos (Manuel Escurinho e Carlitos Rachid) da morte de Cardoso, entre os `mandantes´ do crime.
Os seis condenados pelo assassinato de Cardoso tiveram todos eles penas acima de 20 anos de prisão.
Ayob Satar, Carlitos Rachid (atirador-confesso), Manuel Fernandes e Vicente Ramaya foram condenados a 23 anos e seis meses cada, enquanto Momade Assif (Nini) foi sentenciado a 24 anos de cadeia.
Anibalzinho foi condenado a 30 anos de prisão no segundo julgamento, após ter sido julgado à revelia e condenado a 28 anos no primeiro julgamento.