Uma organização não-governamental belga iniciou a construção de um laboratório em Maputo para treinar ratos a ajudar os serviços de saúde moçambicanos a detectar a tuberculose em humanos, anunciou hoje que criou o método original.
Os ratos vão ser treinados, no laboratório em construção na capital moçambicana, a farejar amostras de escarro humano, a partir das quais vão detectar a bactéria da tuberculose, uma doença frequentemente associada ao vírus da Sida. Os primeiros animais devem estar operacionais até ao final do ano, acrescentou.
A decisão foi tomada depois do êxito da contribuição dos ratos nas operações de desminagem em Moçambique e no diagnóstico da tuberculose na Tanzânia, disse a ONG.
Um acordo neste sentido foi assinado entre as autoridades moçambicanas e da região de Flandres, na Bélgica, em Agosto de 2011.
“Nós tivemos um pedido da primeira-dama (Maria da Luz Dai Guebuza) e do ministro da Saúde (Alexandre Manguele), que queriam reproduzir os resultados” com os ratos, disse à agência noticiosa francesa AFP Tess Tewelde, responsável da Apopo em Moçambique.
Os ratos da Gâmbia (Cricetomys gambianus), animais que podem ter o tamanho de um gato, são famosos pelo olfato excecional e também são treinados para encontrarem minas terrestres.
Esses roedores podem reconhecer a tuberculose em menos de uma hora, enquanto um laboratório leva uma semana para realizar a análise.
“É muito mais barato e muito mais rápido. Os nossos ratos podem analisar 400 amostras em 30 minutos”, explicou Tess Tewelde.
Um recente teste na Tanzânia, destinado a avaliar a eficácia do método, mostrou que em 910 amostras de 456 pacientes, dez ratos encontraram 67 por cento de pessoas com tuberculose e apenas 48 por cento foram encontrados pelos microscópios dos laboratórios.
“Em relação à tuberculose é importante não deixar de identificar os pacientes. Imagine como podem contaminar a família e comunidade”, sublinhou a responsável da ONG.
A Apopo já está presente em Moçambique há seis anos, um país marcado por uma longa guerra civil – que durou de 1976 a 1992 – e onde 40 ratos foram usados na desminagem.
“É necessário dois dias para um especialista identificar as minas, os ratos levam 30 minutos”, declarou Tess Tewelde.