A província de Nampula enfrenta uma preocupante taxa de desnutrição crónica na sua população infantil, com 46,7% das crianças com menos de cinco anos afectadas.
Este índice ultrapassa a média nacional, que se situa em 38%. Apesar de várias iniciativas lançadas para combater este fenómeno, os números continuam alarmantes.
Nampula, sendo a província mais populosa de Moçambique, abriga cerca de 6,7 milhões de habitantes, dos quais aproximadamente 3,5 milhões são crianças entre zero e 17 anos. Esta representatividade constitui mais de 20% da população nacional nesta faixa etária.
Dados recentes indicam que, além da elevada taxa de desnutrição crónica, 2,9% das crianças nasceram com baixo peso e 9,1% sofrem de desnutrição aguda. A província regista também as maiores taxas de pobreza infantil, tanto monetária quanto multidimensional, o que torna as crianças mais vulneráveis em comparação com os adultos.
Face a este cenário, o governo decidiu revitalizar o Conselho Provincial de Segurança Alimentar e Nutricional (COPSAN), com o objectivo de inverter a situação e garantir que não existam comunidades a viver em condições de fome.
O Secretário de Estado para Nampula, Plácido Pereira, expressou a sua preocupação relativamente ao estado nutricional das crianças, enfatizando o paradoxo entre o potencial agrícola da região e a prevalência da desnutrição. “Embora Nampula possua enormes potencialidades na agricultura e na pesca, as taxas de desnutrição crónica continuam alarmantes, situando-se em 46,7%”, declarou.
Pereira salientou ainda que a desnutrição crónica afecta cerca de 38% da infância na província e está relacionada a um terço das mortes infantis, com consequências para a saúde que perduram durante toda a vida. A crescente taxa de natalidade na região representa um desafio adicional na distribuição e provisão de alimentos, tendo em conta a elevada população.
Em Maio de 2019, foi implementado um Plano de Acção Multissectorial para a Redução da Desnutrição Crónica em dez distritos considerados críticos. Especialistas sublinham que os factores que contribuem para a desnutrição em Nampula são complexos e variados. Destacam-se a ingestão inadequada de alimentos, as dietas deficientes em micro-nutrientes e o acesso desigual a alimentos nutritivos.
Adicionalmente, persistem percepções erróneas que influenciam negativamente a nutrição infantil, como a crença de que recém-nascidos necessitam de ingerir água e que mulheres grávidas devem evitar ovos. A alimentação inadequada de bebés e crianças, juntamente com a falta de acesso a água potável e a instalações sanitárias, agravam ainda mais a situação.