Sociedade Dívidas ocultas: Herdeiros de Iskandar Safa passam a ser alvo do processo...

Dívidas ocultas: Herdeiros de Iskandar Safa passam a ser alvo do processo judicial

Um tribunal britânico concedeu autorização ao Estado moçambicano para incluir os herdeiros de Iskandar Safa, empresário falecido no ano passado, no processo relacionado com as dívidas ocultas, visando assegurar o pagamento da indemnização de 1,9 mil milhões de dólares.

Iskandar Safa e a sua empresa de construção, Privinvest, foram considerados culpados no ano transacto de corrupção do ex-ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, no contexto da assinatura de garantias estatais para empréstimos bancários concedidos às empresas públicas Proindicus, Ematum e MAM em 2013 e 2014. Os empréstimos tinham como finalidade a aquisição de navios e equipamentos para vigilância marítima.

Na sentença proferida em Julho do ano passado pelo Tribunal Comercial de Londres, o juiz Robin Knowles determinou que o grupo naval deveria pagar cerca de 1,9 mil milhões de dólares em indemnização. Iskandar Safa faleceu a 29 de Janeiro de 2024, antes da decisão judicial.

A Procuradoria-Geral da República de Moçambique, que actua em representação do Estado neste caso, solicitou a inclusão da viúva de Safa, Clara Martinez Thedy de Safa, e dos filhos, Akram e Alejandro Safa, como arguidos para assegurar a continuidade do processo judicial.

Recomendado para si:  Duas empresas manifestam interesse em recuperar solos degradados pela mineração em Manica

Na decisão datada de 16 de Junho, o juiz Knowles enfatizou a importância de prosseguir com o processo para garantir que a decisão judicial inicial mantenha validade, evitando assim uma situação em que a sentença não possua efeito legal no Líbano ou em outras jurisdições, dado que a legislação libanesa não reconhece a personalidade jurídica de pessoas falecidas ou das suas heranças.

O tribunal autorizou a inclusão dos novos arguidos, a alteração do processo e a notificação fora da jurisdição britânica, com a indicação de que eventuais questões acessórias serão tratadas posteriormente. É importante notar que, em Abril passado, o mesmo juiz permitiu à Privinvest avançar com um recurso, cujo julgamento ainda não foi agendado.