Os produtores de castanha de caju das várias províncias de Moçambique manifestaram a sua inquietação relativamente ao preço de referência de 45 meticais por quilo (aproximadamente 0,75 dólares) estabelecido pelo Governo para a campanha de comercialização de 2025/26.
A manifestação da preocupação teve lugar em Maputo, durante a I Sessão do Comité de Amêndoas. Os agricultores consideram que o valor definido é excessivo, o que poderá impactar negativamente a rentabilidade da produção.
Miguel Matsimbe, representante da província de Inhambane, destacou as dificuldades que os produtores enfrentam na obtenção de um rendimento satisfatório e na conservação da castanha. “A produção pode diminuir nos próximos anos devido à falta de incentivos. Urge a assistência técnica, pois muitos agricultores não dispõem de sistemas adequados de secagem ou embalagem, o que pode levar à deterioração do produto”, afirmou.
Segundo Matsimbe, uma melhor conservação poderia permitir a venda futura da castanha a preços mais elevados. “Podemos não vender neste ano, mas a expectativa é que o produto mantenha valor para o próximo ano. O consenso sobre o preço de referência é de 45 meticais por quilo, e sabemos que enfrentamos um desafio com a nossa margem de 15%”, acrescentou.
João Picar, produtor de Nampula, referiu a importância do diálogo contínuo entre produtores e exportadores, bem como a participação do Governo na análise dos produtos. “É fundamental que haja negociações entre as partes envolvidas. O envolvimento do Governo é crucial”, afirmou.
Picar também mencionou que o distrito de Mogovolas representa a maior área produtora da província, com expectativas de aumento na produção em comparação ao ano anterior. “No ano passado, Mogovolas exportou 17.800 toneladas. A nossa previsão é de que atingiremos 20.000 toneladas nesta campanha. Esperamos que os exportadores reconheçam o nosso esforço e investimento, contribuindo para o aumento da produção nacional”, concluiu.
Os produtores enfatizaram ainda a necessidade de apoio técnico contínuo, a implementação de melhores práticas de armazenamento e embalagem, e o acompanhamento do mercado, de forma a garantir rendimentos sustentáveis e reduzir as perdas durante a conservação da castanha.