O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, pediu hoje o restabelecimento da “ordem e da paz” no país, após meses de intensos protestos anticorrupção que têm desafiado a sua autoridade.
A declaração foi feita durante um comício no centro de Belgrado, onde se reuniram aproximadamente 55.000 apoiantes, muitos dos quais viajaram de autocarro de várias partes do país para assistir ao evento.
O clima de tensão no país aumentou após uma tragédia ocorrida em Novembro de 2024, quando o colapso da cobertura de uma estação de comboios resultou na morte de 16 pessoas. Este incidente foi amplamente atribuído a alegações de corrupção, levando a um movimento nacional liderado por estudantes universitários que exigem justiça.
Comparado com a manifestação de 15 de Março, que atraiu entre 275.000 a 325.000 participantes, a afluência ao comício de Vucic foi significativamente inferior, evidenciando a crescente insatisfação popular. O governo, cada vez mais autoritário, intensificou a repressão a críticos e meios de comunicação independentes, com a polícia a interrogar estudantes e activistas, além de ameaçar acções judiciais para suprimir as greves universitárias.
O discurso de Vucic foi uma resposta clara aos protestos maciços que desafiam o seu governo. “O ataque veio do estrangeiro”, afirmou, sem especificar quem seriam os supostos responsáveis externos, e assegurou que “não permitiremos que aqueles que estão fora e dentro da Sérvia destruam o nosso Estado”.
O comício contou com o apoio do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que enviou uma mensagem de vídeo, e do presidente sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, cuja prisão é requerida pelas autoridades bósnias devido às suas políticas separatistas.
Entretanto, os estudantes, que têm acampado nas suas instituições de ensino ao longo dos últimos cinco meses, continuam a mobilizar-se, contando com o apoio de professores e reitores. Estes protestos têm atraído centenas de milhares de pessoas, tornando-se algumas das maiores manifestações da história recente da Sérvia.
O grupo opositor ProGlas, que reúne investigadores e artistas, critica a administração de Vucic, afirmando que o seu governo se encontra numa “fase de ditadura aberta”, ao tentar limitar a independência das universidades do país.