Em 2024, um total de 10.457 migrantes morreram tentando chegar à costa espanhola, segundo a organização Caminando Fronteras.
Este número representa um aumento de 58% em relação ao ano anterior, com uma média alarmante de quase 30 mortes diárias, configurando o maior número registado desde que a ONG começou a monitorizar os desaparecimentos no mar.
A análise da Caminando Fronteras destaca que, entre as vítimas deste ano, 421 eram mulheres e 1.538 eram crianças ou adolescentes. A rota atlântica para as ilhas Canárias revelou-se a mais perigosa, contabilizando 9.757 mortes, o que equivale a 93% do total.
Outras rotas também apresentaram riscos significativos, com 517 mortes ocorrendo na rota da Argélia, 110 no Estreito de Gibraltar e 72 na rota de Alborán. O relatório “Monitorização do Direito à Vida 2024” detalha ainda 293 tragédias e 131 embarcações que desapareceram sem deixar rastro.
A Mauritânia emergiu como um ponto central de partida para as ilhas Canárias, com 6.829 mortes registadas nessa rota. A travessia da Argélia para as ilhas Baleares também foi destacada pela sua periculosidade.
Os meses de Abril, Maio e Fevereiro foram os mais mortíferos, com 1.284, 1.103 e 1.093 mortes, respectivamente. As vítimas eram provenientes de 28 nacionalidades diferentes.
A Caminando Fronteras atribui o aumento dos naufrágios à omissão de auxílio, apontando falhas na activação de protocolos de resgate e na disponibilidade de recursos. A ONG critica a priorização do controle migratório em detrimento do direito à vida, mencionando a externalização das fronteiras como um factor que transfere responsabilidades de resgate para países com recursos limitados, comprometendo a resposta a emergências.
A falta de coordenação internacional e os atrasos nos resgates agravam a situação, segundo o relatório. A estigmatização de organizações que alertam sobre riscos também prejudica as operações de resgate.
Helena Maleno, coordenadora da investigação, enfatiza a “profunda falha” nos sistemas de salvamento e apela por uma maior protecção do direito à vida, reforço das operações de busca e garantia de justiça para as vítimas e suas famílias.
O relatório também ressalta a presença significativa de mulheres nas rotas migratórias, especialmente no Atlântico, onde enfrentam violência e condições de vida precárias, tornando-se vulneráveis a redes de tráfico.

















