Os pais adotivos de um rapaz autista de 15 anos foram condenados a décadas de prisão, na semana passada, no estado norte-americano de Washington, após o filho ter morrido à fome.
Felicia L. Adams foi condenada a 35 anos de prisão e Jesse C. Franks a 30 pela morte de Karreon Franks em 2020. O casal, com 54 e 58 anos, também foi condenado por acusações de maus-tratos criminais aos irmãos de Karreon.
Os advogados de Adams e Franks afirmaram que planeavam recorrer das condenações e sentenças.
“Uma das coisas mais tristes que vi em 37 anos”, contou a juíza Suzan Clark, revelando ainda que nunca antes tinha regressado a casa depois de um julgamento em que “todos os membros do júri estavam a chorar”.
Karreon tinha atrasos de desenvolvimento, era cego e usava uma bengala. A procuradora Laurel Smith chamou-lhe “uma criança extremamente vulnerável”.
A criança e os irmãos estavam habituados a restrições alimentares e a castigos corporais na sua casa em Vancouver, Washington, nos EUA. De acordo com os procuradores, Karreon perdeu 47% do seu peso corporal entre julho de 2019 e, na altura da sua morte, a 27 de novembro de 2020, pesava 28 quilos.
A procuradora Smith disse que o casal “o privou de comida e água, de amor e de cuidados”.
“Karreon Franks era uma criança especial e merecedora de amor e cuidado”, disse Smith. “Ele merecia uma chance de viver a sua vida”.
O caso de Karreon Franks chocou a comunidade de Vancouver e levantou questões sobre a fiscalização dos serviços de adoção.
A procuradora-geral do estado, Bob Ferguson, disse que o caso “é um lembrete trágico de que as crianças adotivas são especialmente vulneráveis à negligência e ao abuso”.
“Vamos continuar a trabalhar para proteger as crianças adotivas e garantir que tenham o amor e o cuidado de que precisam”, disse Ferguson.