O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro, juiz Alexandre de Moraes, que no final de Junho tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, foi hostilizado por seguidores do antigo governante no Aeroporto Internacional de Roma, na Itália, quando aguardava voo.
Um empresário ligado ao partido de Bolsonaro, ao ver Moraes, começou a insultá-lo e depois deu uma bofetada ao filho do magistrado, que tinha tentado defender o pai.
O empresário, identificado pela Polícia Federal brasileira como Roberto Mantovani Filho, a esposa, filhos, um cunhado e outros familiares, que esperavam voo da Itália para regressarem ao Brasil, começaram aos gritos mal viram o presidente da corte eleitoral. Chamaram-lhe bandido, comunista e vendido, insinuando que o juiz, que também comanda ações contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, teria sido comprado para perseguir e condenar o ex-presidente.
Alexandre de Moraes, que foi à cidade italiana de Siena participar num fórum internacional de direito, estava com a família e sem escolta e esperava voo para outro destino europeu, manteve a serenidade, mas a família de brasileiros que o hostilizava não cessou os insultos, e a certa altura houve mesmo agressão física ao filho do magistrado, que se interpôs entre este e o agressor.
À chegada a São Paulo, Roberto Mantovani Filho era esperado por agentes da Polícia Federal brasileira, mas recusou depor, negou ter ofendido o juiz do TSE e do STF e foi autorizado a seguir viagem para a sua cidade com a família por não haver ordem de prisão contra ele nem uma queixa formal ainda, já que Alexandre de Moraes continua na Europa. A PF já pediu ao seu adido na embaixada brasileira em Roma e aos responsáveis pelo aeroporto as imagens do momento das hostilidades, para melhor definir o enquadramento da investigação, mas já abriu processo contra o empresário por ofensa e ameaça.
Roberto Mantovani Filho é da cidade de Santa Bárbara D’Oeste, no interior do estado de São Paulo, e está ligado ao Partido Liberal, de Jair Bolsonaro, que, mesmo tendo o nome de liberal, passou a ser de extrema-direita após o antigo presidente, a família e aliados se filiarem. O empresário foi candidato a presidente da câmara da sua cidade mas não conseguiu ser eleito, e as redes sociais de várias pessoas da família expressam apoio a Jair Bolsonaro.