Nacional Polícia anuncia abate de suposto informador perto de megaprojetos de gás

Polícia anuncia abate de suposto informador perto de megaprojetos de gás

A polícia moçambicana disse que abateu um suposto informador dos insurgentes no distrito de Palma, nas redondezas dos megaprojetos de gás natural em Afungi, na província de Cabo Delgado.

O facto ocorreu na sexta-feira (01), no bairro de Quitunda, uma zona próxima aos megaprojetos e que tem sido usada para realojar as populações que viviam na área que agora alberga os empreendimentos da petrolífera Total, que lidera o projeto, disse o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Cabo Delgado, Ernesto Madungue.

“[As equipas] deslocaram-se para aquele bairro, chegados no local a polícia foi recebida com tiros e sentiu-se obrigada a abrir fogo e daí um suposto informante dos terroristas acabou sendo alvejado mortalmente no local”, afirmou o porta-voz, em conferência de imprensa.

Segundo Ernesto Madungue, a PRM terá se deslocado ao bairro após tomar conhecimento de que havia informadores dos grupos insurgentes em três residências, tendo, por isso, organizado equipas para responder à situação.

“Também foi alvejado pelo suposto terrorista um dos membros da PRM, que ficou ferido e neste momento está a receber cuidados médicos no hospital”, acrescentou.

Em dezembro, grupos rebeldes que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado efetuaram, pelo menos, dois ataques próximos dos megaprojetos liderados pela francesa Total.

Numa nota de reação enviada hoje à Lusa, a Total informou que reduziu temporariamente a sua força de trabalho no local do projeto em resposta ao “ambiente prevalecente”, acrescentando estar em “contacto permanente” com as autoridades moçambicanas.

“O ambiente operacional permanece em avaliação contínua e a Total mantém uma comunicação constante com as autoridades moçambicanas sobre o assunto”, frisou a empresa.

O projeto é o maior investimento privado em África, da ordem dos 20 mil milhões de euros.

A violência armada em Cabo Delgado começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019.

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral vai reunir-se este mês para debater a situação de segurança na região.