Loujain al Hathloul foi condenada por “tentar mudar o sistema político do reino e promover uma agenda estrangeira usando a internet”. Foi presa em 2018, depois de ter participado numa campanha que defendia o direito das mulheres a conduzir.
Um tribunal antiterrorista da Arábia Saudita condenou esta segunda-feira a ativista Loujain al Hathloul a cinco anos e oito meses de prisão por “tentar mudar o sistema político do reino e promover uma agenda estrangeira usando a internet”. A acusação pedia 20 anos, mas esta não deixa de ser uma pena pesada tendo em conta que o único crime de Loujain al Hathloul foi ter defendido o direito das mulheres a conduzir (antes de a proibição ser levantada no país, em 2018) e o fim do sistema de tutela masculina.
Os seus irmãos já reagiram à condenação para afirmar que a notícia deixou a família “no fundo”, inconformada pelo facto de al Hathloul ter de continuar na prisão. “Não vamos descansar até que ela seja posta em liberdade”, pode ler-se no comunicado entretanto emitido. Na semana passada um tribunal rejeitou uma queixa de tortura apresentada pela ativista, alegando “falta de provas”.
O processo contra Loujain al Hathloul, atualmente com 31 anos, começou em maio de 2018 quando foi presa juntamente com uma dúzia de outros ativistas. A sua prisão e o julgamento mereceram várias críticas desde então, tanto de organizações internacionais como de políticos ocidentais proeminentes.
“Defender os direitos humanos não é terrorismo”, voltou agora a sublinhar a relatora da ONU para os defensores dos direitos humanos, Mary Lawlor.
A pena inclui a suspensão da metade dos 68 meses de prisão a que foi condenada “considerando as suas condições”, noticia o “El País”, observação que parece reconhecer o seu frágil estado de saúde após a greve de fome que cumpriu em novembro, para exigir autorização para comunicar com a família. Retirando também o tempo da prisão preventiva, Loujain pode sair em março.
No entanto, o período de suspensão será anulado caso a arguida “cometa algum crime nos próximos três anos”, revela a imprensa local. Uma decisão que pode ser alvo de recurso nos próximos 30 dias. A ativista também está proibida de deixar o país durante os próximos cinco anos.