O enviado da ONU para a Líbia anunciou nesta quinta-feira (08) que os dois governos que disputam o poder do país chegaram a um acordo para um Executivo nacional de união. Para que haja aval para a formação de um novo governo único, será necessário que os dois Parlamentos aprovem a medida.
Após um ano de esforços neste processo envolvendo mais de 150 personalidades líbias, representando todas as regiões, finalmente chegou o momento de poder propor a formação de um governo de unidade nacional, afirmou o enviado Bernardino León, que passou meses mediando as negociações entre os dois Executivos que reivindicam o país. Os líbios devem tomar a oportunidade histórica para salvar a Líbia.
De acordo com o enviado, o premier do país será o parlamentar Fayez Sarraj, os vices serão Ahmad Meitig, Fathi el-Mejbri e Musa el-Koni, assessores e conselho presidencial serão decididos separadamente.
As negociações encaminham o país para enfim encerrar os quatro anos de divisão que foram constituídos por um governo islamista ligado ao movimento Aurora Líbia, na antiga capital, Trípoli, e um Executivo reconhecido internacionalmente baseado em Tobruk, no Leste.
Em um comunicado oficial publicado durante a madrugada, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, celebrou o acordo, tratando-o como histórico.
“A União Europeia apoia por completo o texto final e os altos responsáveis do governo de unidade nacional que terão a responsabilidade de compor o novo governo e de aplicar os termos do acordo“, escreveu a diplomata, que tem garantias de que a UE estará disposta a oferecer ao novo governo apoio político e financeiro, concretamente em € 100 milhões (cerca de 4.800 milhões de meticais).
Pressão Internacional
A ONU e a comunidade internacional vinham pressionando os governos para se reunirem e chegarem a um consenso, mas os dois lados (e León) afirmaram os acordos não pareciam firmes o suficiente para assegurar uma coalizão.
Nos últimos dias, o governo reconhecido internacionalmente decidiu estender seu mandato, mostrando falta de confiança nas negociações. Eles afirmaram que um eventual governo precisaria salvar a economia do colapso, do extremismo nas áreas disputadas do país e assistência básica a áreas atacadas.
Apesar de ser um país rico em petróleo, a Líbia caiu num caos generalizado desde a deposição e a morte do ditador Muamar Kadafi, em 2011. Dos mais de 2,4 milhões de líbios, até 40% estariam em necessidade de ajuda humanitária, segundo a ONU.
Na Líbia, além da forte invasão do Estado Islâmico, saem de lá milhares de pessoas buscando vida nova na Europa, fugindo da África Subsaariana ou do Oriente Médio.
O Globo