Um indivíduo de 72 anos foi detido ontem na 3ª esquadra da Polícia da República de Moçambique (PRM), no bairro do Fomento, município da Matola, acusado de ter violado sexualmente uma menor de 10 anos.
A criança, que é filha do irmão da esposa do indiciado, portanto sua sobrinha, terá sido levada de Inhambane para viver com a tia em Maputo, onde ajudaria a cuidar das tarefas domésticas.
O cidadão, Leonardo Bié, nega a acusação alegando que, pela sua idade e problemas de saúde, é sexualmente impotente.
“Fiquei surpreso quando cheguei a casa e encontrei-a povoada. Quando procurei saber o que se passava informaram-me que supunha-se que eu tinha violado a minha sobrinha, coisa que é absolutamente impossível porque nem mesmo com a minha esposa me envolvo sexualmente, pois há pouco tempo, num intervalo ínfimo, sofri duas operações na bexiga que me deixaram neste estado”, defendeu-se.
Bié foi mais longe, tendo dito que todas as acusações que pesam sobre si não passam de uma invenção da representante do bairro que procura, a todo custo, artimanhas para expulsá-lo da sua casa. É que Bié vive de aluguer na casa desta, mas há dois meses que não consegue pagar a renda.
“Jamais tive relações sexuais com esta criança. Vivo com ela desde Março de 2013 mas nunca sequer pensei nisso. O que acontece é que a chefe do quarteirão já não me quer na casa dela porque não consigo pagar o aluguer”, disse.
Por seu turno, a representante do bairro, Maria Alcinda, disse que nem sequer sabia do sucedido, tendo sido interpelada pelos vizinhos que lhe questionaram porque é que não fazia nada “foi daí que tomei conhecimento do caso e encaminhei de imediato para as autoridades policiais”.
Maria Alcinda disse a nossa equipa de reportagem que a tia da menor já sabia de tudo, mas disse que o assunto resolver-se-ia em família
Entretanto, a vítima afirma que o seu tio terá mesmo abusado de si e que esta nem era a primeira vez que isto acontecia. O acto já havia sido protagonizado por quatro vezes e esta seria a quinta.
“Da primeira vez, logo depois que minha tia foi trabalhar, chamou-me para o quarto dele, tirou-me a roupa e veio para cima de mim. Quando terminou, disse-me para não contar a ninguém o que tinha acontecido”, afirmou.
Quando estava em Inhambane, com os pais, a menor frequentava a 3ª classe, mas desde que chegou a Maputo nunca mais sentou-se na carteira de uma escola.
O porta-voz do Comando Provincial da PRM, Emídio Mabunda disse que tomou conhecimento do caso pelas estruturas do bairro e que neste momento a menor já foi encaminhada às unidades sanitárias e que agora esperam pelos resultados dos exames para prosseguir com as investigações e provar a veracidade dos factos.
Não sendo capaz de ocupar rua por rua ou casa por casa, a polícia tem interagido com os populares no sentido de alertar e fazer circular a informação sempre que algo ocorrer fora da lei.