O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, considerou hoje que a recente detenção do porta-voz do partido, António Muchanga, representa uma violação da Constituição, assegurando que “não vai retaliar militarmente” ao sucedido.
Falando por teleconferência a partir da Serra da Gorongosa, o presidente da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, classificou hoje durante uma conferência de imprensa como uma “pouca-vergonha” o Conselho de Estado (CE) decorrido na segunda-feira em Maputo, e no qual disse ter sido violada a Constituição moçambicana.
“Através dos resultados que tivemos nas eleições, o Muchanga é membro do Conselho de Estado. É diferente dos outros membros, que foram convidados pelo Presidente da República. O que aconteceu é uma violação da constituição e da própria lei, é um abuso de poder”, disse, referindo-se à decisão do CE de retirar a imunidade ao porta-voz da Renamo, de que gozava enquanto membro daquele órgão.
No seguimento do levantamento da sua imunidade feita pelo presidente da Republica Armando Guebuza, António Muchanga foi detido pelas autoridades moçambicanas alegadamente por ter cometido um crime de incitação à violência, tendo, na quarta-feira, sido legalizada a sua detenção e a sua transferência para a Cadeia de Alta Segurança de Maputo, vulgarmente reconhecida como B.O.
Para Dlhakama a detenção do António Muchanga tem como objectivo provocar impactos no processo de negociações que decorre entre a Renamo e o Governo moçambicano, com vista ao fim do conflito político-militar que o país vive há mais de um ano.
“Apesar de tudo isto, nós condenamos a guerra. Não queremos a guerra, mas a paz e a democracia. Por isso, queremos acabar com o conflito, mas ele continua, porque a Frelimo quer que continue”, sublinhou Dhlakama, afirmando que aquele partido, actualmente no poder, “não quer eleições”, sublinhou.
Ainda sobre a situação de instabilidade político-militar, que disse ter já provocado baixas de mais de cinco mil pessoas das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) o presidente da Renamo mostrou-se preocupado com os impactos da crise na opinião dos investidores estrangeiros, e, por conseguinte na economia do país.
“Quero dizer que o conflito continua por desejo da Frelimo pois eu já demonstrei vontade de acabar com essa situação, por duas vezes a mandar cessar-fogo unilateralmente mas a frelimo ao contrario não aceitou o cessar-fogo mas sim se aproxima entre nos para nos aniquilar, prender como fizeram como o nosso porta-voz o António Muchanga”, frisou.
Na oportunidade Afonso Dlhakama disse que grandes empresas estão para se retirar do país.
“Por mais que a gente diga paz e democracia, no concreto, os estrangeiros sabem que não há paz, nem democracia. Não estão seguros e não têm confiança no país”, disse
Em relação a à disponibilidade que Armando Guebuza tem demonstrado para se encontrar com o líder da Renamo, Dhlakama entende que é propaganda.
“Se calhar, o Guebuza convida-me para ir a Maputo para me deter ou assassinar, da mesma forma que mandou tropas para me matar e disse que estava a enviá-las para me proteger”, desabafou.
Para o presidente da Renamo uma vez assinado o acordo gostaria que fosse já amanhã o encontro pois já é altura de fazer campanha pois que todos os outros partidos já estão a fazer campanha para as eleições gerais de 15 de Outubro.
De referir que amanhã o Partido Renamo vai formalizar a candidatura de Afonso Dlhakama as eleições presidenciais.