O juiz da Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM) Dinis Nhavotso Silica, que foi ontem assassinado por desconhecidos na cidade de Maputo, trazia na sua viatura mais de três milhões de meticais em dinheiro vivo, não declarado às autoridades.
O juiz foi morto na manhã de ontem junto do semáforo que fica no cruzamento entre a Av. Karl Marx e a Av. Marien Ngouabi, próximo da Escola Primária 7 de Setembro, na cidade de Maputo. Os malfeitores seguiram o juiz e, quando chegaram ao semáforo, aproximaram-se da sua viatura (um Hyundai azul marinho MMV-22-56) e crivaram-no com cerca de 20 balas. Dinis Silica perdeu a vida no local.
A Polícia diz que apreendeu o dinheiro que o juiz levava e está a investigar o caso, embora sem pistas. Segundo o porta-voz da Polícia, Arnaldo Chefo, do valor apreendido, cerca de dois milhões de meticais era em dólares.
Dinis Silica, nos últimos tempos, trabalhava exclusivamente no dossier dos raptos, uma actividade que, tal como o Canal de Moçambique vem mostrando, envolve criminosos condenados, a Polícia e os tribunais, onde cada um vende favores aos outros em troca de altos valores monetários.
O crime organizado – que, conforme tudo indica, tem sucursais enraizadas nas instituições públicas como a polícia e os tribunais – já se saldou no assassinato de três pessoas, sendo o do juiz o quarto, num período de seis meses. Em Janeiro, dois jovens foram executados no bairro da Costa do Sol, nas mesmas circunstâncias do assassinato do juiz. Depois seguiu-se Vicente Ramaya, nas imediações do Hospital Central. É o crime organizado a fazer as suas vítimas a todos os níveis.